20 dias após conquistar título olímpico, ucraniano sobrevive em garagem de Kiev

Há menos de um mês, Oleksandr Abramenko estava sendo ovacionado por conquistar uma medalha nas Olimpíadas de Inverno. Agora, o atleta se esconde do ataque russo ao lado da família

Karolini Bandeira*

postado em 08/03/2022 16:03 / atualizado em 08/03/2022 16:03

Agora, o plano da família é abandonar a capital de carro e viajar para o oeste da Ucrânia - (crédito: Oleksandr Abramenko)

O atleta ucraniano Oleksandr Abramenko conquistou, há 20 dias, uma medalha de prata para a Ucrânia nas Olimpíadas de Inverno de Pequim — na ocasião, o atleta foi ovacionado pelos telespectadores do país, já que a medalha foi a única conquistada por um ucraniano nos jogos. Agora, o homem de 33 anos se esconde em uma garagem em Kiev e tenta fugir da cidade em meio ao ataque russo.

Abramenko é um trapezista renomado na categoria de esqui freestyle. Em 2018, nas olimpíadas de Pyeongchang, o atleta foi ouro no esporte. Neste ano, o ucraniano foi porta-bandeira do país na cerimônia de abertura e ficou famoso após uma foto abraçando um atleta russo rival na competição.

Na última sexta-feira (3/3), em Kiev, o atleta olímpico publicou uma foto escondido na garagem de seu prédio com sua esposa, Alexandra, e seu filho de dois anos, Dmitry.

“Passamos a noite no estacionamento subterrâneo do carro, porque a sirene de ataque aéreo está constantemente ligada”, disse Abramenko em mensagem para o portal norte-americano The New York Times. “É assustador dormir no apartamento, eu mesmo vi da janela como os sistemas de defesa aérea funcionavam em mísseis inimigos e fortes explosões foram ouvidas.”

Agora, o plano da família é abandonar a capital de carro e viajar para o oeste da Ucrânia, perto das fronteiras com a Eslováquia e a Hungria. A viagem deve levar, ao menos, 10 horas. “Eu planejo viajar para a casa de meu treinador, Enver Ablaev, que vive em Mukachevo, na região da Transcarpátia. Vou de carro, levando coisas essenciais comigo, comida e minhas medalhas olímpicas”, relatou o ucraniano.

*Estagiária sob supervisão de Ronayre Nunes