Guerra na Europa

Exército russo fecha o cerco a Kiev e Mariupol

Cidades resistem como podem ao avanço das tropas invasoras. Presidente Zelensky diz que 79 crianças morreram até agora

Correio Braziliense
postado em 13/03/2022 06:00 / atualizado em 13/03/2022 07:00
 (crédito:  AFP)
(crédito: AFP)

As forças russas se posicionaram em torno de Kiev, na manhã de sábado (12/3), bombarderam áreas civis de outras cidades ucranianas, incluindo um hospital de Mykolaiv e bairros civis de Mariupol, cidade portuária do Sudeste sob ataque há duas semanas.


Bombas e mísseis russos atingiram o aeroporto de Vasylkiv, a cerca de 40km ao sul de Kiev, onde um depósito de gasolina pegou fogo, segundo o prefeito da cidade. Os subúrbios do noroeste da capital, como Irpin e Busha, estão sob ataque russo há dias, enquanto os blindados de Moscou avançam ao longo do eixo nordeste. O assessor da Presidência ucraniana, Mikhailo Podolyak, afirmou que a capital “está sitiada”.


O exército ucraniano indicou que as tropas russas concentram seus esforços na capital, em Mariupol e em cidades da região central do país, como Krivói Rog, Nikopol e Zaporizhzhia. A mídia local também informou a ativação de sirenes antiaéreas em Odessa, Dnipro e Kharkiv.


Em uma transmissão para milhares de pessoas que se reuniram em uma praça de Florença (Itália) para apoiá-lo, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, destacou a morte de 79 crianças vítimas da guerra. Depois, em entrevista coletiva, informou que cerca de 1,3 mil militares ucranianos foram mortos desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro.


Zelensky disse ainda que o exército russo perdeu “cerca de 12 mil homens”, o que representa uma “relação de 1 para 10 (em relação aos soldados mortos do lado ucraniano), o que, no entanto, não me deixa feliz”, declarou. Em 2 de março, o exército russo — que mobilizou cerca de 150 mil soldados para a guerra — divulgou ter perdido 500 militares em combate, número que não foi atualizado desde então. O Pentágono, por sua vez, estimou as baixas russas entre 2 mil e 4 mil combatentes.
Flagelo


Após 12 dias sob ataque, os habitantes de Mariupol, no Mar de Azov, estão incomunicáveis, sem água, gás ou eletricidade. Há briga até para conseguir comida. É uma situação “quase desesperadora”, alertou a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF).


“O inimigo ainda está bloqueando Mariupol”, disse o presidente ucraniano Volodimir Zelensky. “As tropas russas não deixaram nossa ajuda entrar na cidade”, criticou, prometendo uma nova tentativa para levar suprimentos e retirar moradores.


“Mariupol atacada é atualmente a pior catástrofe humanitária do planeta. São 1.582 civis mortos em 12 dias, enterrados em valas comuns, como esta”, disse o diplomata-chefe da Ucrânia, Dmytro Kuleba, em um tuíte acompanhado da foto de uma vala com cadáveres.


Enquanto isso, na cidade de Mykolaiv, no Sul, um hospital foi incendiado e muitos moradores tiveram que fugir. “Eles estão atacando áreas civis, sem nenhum alvo militar. Aqui há um hospital, um orfanato e uma clínica oftalmológica”, disse o chefe do hospital, Dmytro Lagochev.


A crise humanitária está se agravando, com quase 2,6 milhões de pessoas exiladas da Ucrânia desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro, segundo dados da ONU. A eles devem ser adicionados cerca de dois milhões de deslocados internos, disse o chefe da Agência da ONU para Refugiados (Acnur), Filippo Grandi.


Por sua vez, o presidente russo, Vladimir Putin, sem apresentar provas, acusou as forças ucranianas de “violações flagrantes” do direito humanitário e, em conversas telefônicas, pediu a seu homólogo francês, Emmanuel Macron, e ao chanceler alemão, Olaf Scholz, que pressionem Kiev a acabar com elas. Segundo nota do Kremlin, Putin citou como exemplo de violações “assassinatos extrajudiciais de opositores”, “tomada de reféns por civis” e seu “uso como escudo humano”.


Macron e Scholz também conversaram por telefone com Zelensky, que pediu ajuda para libertar o prefeito da cidade de Melitipol, no Sul, que, segundo as autoridades locais, foi sequestrado por soldados russos no dia anterior.


Vodca e caviar


Os Estados Unidos e seus aliados ocidentais continuam exercendo pressão econômica sobre Moscou, abrindo a porta para tarifas punitivas e menos comércio com o país. A União Europeia e o G7 uniram-se a Washington para revogar o status de “nação mais favorecida” da Rússia, que facilita a troca de bens e serviços. Além disso, o presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou a proibição das importações de peixes, frutos do mar, vodka e diamantes russos. Além da pressão econômica, os países ocidentais enviaram equipamentos militares para a Ucrânia, mas evitam um confronto direto entre a Otan e Moscou, o que, nas palavras de Biden, provocaria a “Terceira Guerra Mundial”.


A Rússia avisou, ontem, que poderá atacar comboios que levem armamento para a resistência ucraniana. “Nós alertamos os Estados Unidos que a entrega de armas que eles estão orquestrando, de vários países, não é apenas um ato perigoso, mas, também, transforma esses comboios em alvos legítimos”, alertou o vice-chanceler russo, Sergei Ryabkov.

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