Uma adolescente de 14 anos ficou grávida após ter sido estuprada por soldados russo, em Bucha, uma das cidades da Ucrânia dominadas pelas tropas russas. De acordo com uma psicóloga do serviço de atendimento médico público do país, ouvida pelo jornal britânico Mirror, a menina “decidiu manter o bebê após ser alertada por médicos que um aborto poderia fazê-la não ter filhos novamente”.
A psicóloga Oleksandra Kvitko disse que trabalha, agora, para a garota aceitar a ideia de ter o filho sem trazer mais prejuízos à saúde emocional dela. A especialista afirma que trabalha com outras quatro meninas entre 14 e 18 anos que ficaram grávidas após estupros dos soldados russos. Uma paciente, no entanto, tem apenas 10 anos.
Até 25 de abril, o serviço de atendimento médico recebeu 101 casos de crimes sexuais nos territórios da Ucrânia liberados pelas tropas russas. Além de adolescentes, mulheres, homens e crianças pequenas também estão entre as vítimas.
“Meninas de 14, 15, 16 anos são frequentemente estupradas. Após a guerra, haverão muitas adolescentes grávidas na Ucrânia”, disse a psicóloga à Rádio Svoboda, da Ucrânia. Cerca de 12 casos de gravidez já foram registradas entre as vítimas de estupro, no entanto, o serviço médico acredita que ainda há casos não revelados, porque as pessoas violadas não se sentiram prontas para denunciar.
A silent rally was held in Vienna against the sexual violence of Russian soldiers who raped Ukrainian women#RussianWarCrimes
The author of photo is unknown pic.twitter.com/qODIjsO23h— Oleksandra Matviichuk (@avalaina) April 15, 2022
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Violência repetida: refugiadas não conseguem aborto por leis rígidas da Polônia
Outro problema vivido pelas vítimas é a interrupção da gravidez indesejada. As vítimas que conseguem fugir do país e se refugiam na Polônia, por exemplo, não podem se submeter a um aborto no local.
De acordo com a presidente do Centro para as Liberdades Civis da Ucrânia, Oleksandra Matviychuck, as psicólogas polonesas atuam para que as refugiadas continuem a gravidez com a justificativa de que “a nova vida é algo maravilhoso”. “É assim que elas destroem a vida da mulher e do bebê”, disse Oleksandra.
De acordo com Oleksandra, o aborto só é liberado no país polônes após um processo criminal ser instaurado e a mulher passe “por um procedimento muito difícil em termos de dignidade humana” para provar a psicólogos, médicos e investigadores que ela foi realmente estuprada.
“É óbvio que mulheres e meninas que sobreviveram à violência sexual na guerra não suportam esses procedimentos e não querem provar nada a ninguém”, explica.
No entanto, ativistas poloneses têm se movimentado para auxiliar as refugiadas que foram estupradas. A ONG Women Help Women tem distribuído pílulas do dia seguinte para locais em que há presença de soldados. Um grupo de tchecos arrecadou mais de 2,3 milhões de coroas tchecas para a compra de anticoncepcionais de emergência e enviou para o Movimento de Veteranos das Mulheres para que distribuíssem às vítimas dos soldados.
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