Auschwitz

Comitê de Auschwitz se declara 'horrorizado' por declarações de Orban

"Não queremos ser uma raça mista" que convive com "não-europeus" disse o primeiro-ministro húngaro

Agence France-Presse
postado em 26/07/2022 10:52
Um participante segura um retrato inventado do presidente da Hungria, Viktor Orban, durante a Parada do Orgulho LGBTIQA+ em Budapeste, em 23 de julho de 2022 -  (crédito: Ferenc ISZA / AFP)
Um participante segura um retrato inventado do presidente da Hungria, Viktor Orban, durante a Parada do Orgulho LGBTIQA+ em Budapeste, em 23 de julho de 2022 - (crédito: Ferenc ISZA / AFP)

O Comitê Internacional de Auschwitz se declarou "horrorizado" nesta terça-feira (26) com as declarações do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, sobre uma "raça húngara não mista" e pediu à União Europeia (UE) que "se distancie das respectivas conotações racistas".

O discurso do líder nacionalista, "estúpido e perigoso", lembra os sobreviventes do Holocausto "dos tempos obscuros de sua própria exclusão e perseguição", reagiu o vice-presidente da organização, Christoph Heubner, em uma declaração transmitida à AFP.

Heubner também pediu ao chanceler austríaco, Karl Nehammer, que receberá Orban em uma visita oficial a Viena na quinta-feira (28), para se distanciar de tais críticas em nome da UE.

Devemos "fazer o mundo entender que o senhor Orban não tem futuro na Europa", cujos valores "ele conscientemente nega".

Em um discurso no sábado (23), na região romena da Transilvânia, onde reside uma grande comunidade húngara, o líder nacionalista, conhecido por sua política anti-imigração, reafirmou com virulência sua rejeição a uma sociedade "multiétnica".

"Não queremos ser uma raça mista" que convive com "não-europeus", enfatizou Orban.

Os países "onde coabitam povos europeus e não europeus não são mais nações. Esses países não passam de conglomerados de povos", disse o chefe de governo húngaro, que já fez declarações semelhantes no passado, mas sem usar o termo "raça", de acordo com os especialistas.

O porta-voz do Executivo húngaro, Zoltan Kovacs, defendeu as declarações de Orban, assegurando que houve "um mal-entendido" por "pessoas que claramente não entendem a diferença entre a mistura de diferentes grupos étnicos no judaísmo-cristianismo e a mistura de povos de diferentes civilizações".

Orban aludiu às câmaras de gás do regime nazista para criticar o plano de Bruxelas de reduzir o consumo de gás europeu em 15%.

"Não vejo como eles podem forçar os Estados-membros a fazer isso, embora haja um conhecimento alemão neste domínio, como o passado mostrou", disse Orban em tom irônico.

O ministro das Relações Exteriores da Romênia, Bogdan Aurescu, considerou tais ideias "inaceitáveis".

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