Igreja Católica

Francisco inaugura 2023 com homenagem ao 'amado' papa Bento XVI

A multidão reunida na Praça de São Pedro, incluindo vários representantes de países em guerra com suas bandeiras, aplaudiu as palavras de Francisco, que depois fez um minuto de silêncio.

Agência France-Presse
postado em 01/01/2023 10:49
 (crédito: Imprensa do Vaticano/AFP - 28/11/2020)
(crédito: Imprensa do Vaticano/AFP - 28/11/2020)

Cidade do Vaticano, Santa Sé - O papa Francisco inaugurou o ano de 2023, neste domingo (1º), com uma homenagem ao “amado” pontífice emérito Bento XVI, falecido na véspera (31), cujo funeral será presidido pelo argentino na próxima quinta-feira (5), no Vaticano.

"Hoje confiamos à Santíssima Madre o amado papa emérito Bento XVI para que o acompanhe em sua passagem deste mundo para Deus", disse o papa durante a missa solene do primeiro dia do ano na Basílica de São Pedro.

"Nos unimos todos juntos, com um só coração e uma só alma, para dar graças a Deus pelo dom deste fiel servidor do Evangelho e da Igreja", afirmou o pontífice argentino da janela do palácio apostólico ao meio-dia (horário local), por ocasião do Ângelus dominical.

A multidão reunida na Praça de São Pedro, incluindo vários representantes de países em guerra com suas bandeiras, aplaudiu as palavras de Francisco, que depois fez um minuto de silêncio. "Bento XVI foi uma grande pessoa, muito simples e humilde", disse à AFP a professora italiana Paola Filippa, de 58 anos.

Ontem, Francisco fez uma comovente homenagem a seu antecessor, o alemão Joseph Ratzinger, primeiro papa a renunciar na história moderna. O brilhante teólogo e ferrenho guardião do dogma morreu no sábado, aos 95 anos, após vários dias de agonia no mosteiro dentro do Vaticano, onde residia desde sua renúncia, em 2013

"Com emoção, recordamos com emoção uma pessoa tão nobre e bondosa", disse Francisco durante as orações de Ano Novo na Basílica de São Pedro, evento depois do qual agradeceu ao pontífice emérito "por todo bem que fez".

"Apenas Deus conhece o valor e a força de seus sacrifícios oferecidos pelo bem da Igreja", afirmou, em suas primeiras palavras públicas sobre a morte de Bento XVI.

Um funeral inédito

Será a primeira vez na história milenar da Igreja Católica que um papa em exercício enterrará outro papa. Dezenas de milhares de pessoas são esperadas, incluindo chefes de estado e líderes de outras religiões, ao funeral do 265º papa da história.

A cerimônia começará às 5h30 (horário de Brasília) e será sóbria, conforme desejo de Bento XVI. Com esse ato, encerra-se também encerrará a saga dos "dois papas", que conviveram por quase uma década no menor Estado do mundo.

Será "uma cerimônia simples", disse o diretor da assessoria de imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni. A partir de segunda-feira (2), os fiéis poderão velar o corpo de Joseph Ratzinger na capela que será aberta na Basílica de São Pedro.

Ontem, muitos católicos presentes no Vaticano expressaram sua tristeza pela morte do pontífice alemão, que representava uma visão conservadora da Igreja, menos sensível aos conflitos e problemas dos mais pobres do mundo.

"É uma dor muito grande. Era uma pessoa muito reservada, mas percebemos sua profundidade, e ele fez muito pela Igreja", disse Milo Cecchetto, um romano presente na praça.

Em seu testamento espiritual, escrito em 2006 e divulgado no sábado, Bento XVI pediu "perdão de coração" a todos aqueles a quem possa ter ofendido em sua vida. Também agradeceu aos seus pais por terem-lhe dado a vida "em uma época difícil", na Alemanha em 1927, que caminhava para o nazismo.

Nova etapa

Sua morte provocou reações em todo mundo, desde o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, aos presidentes de Estados Unidos, França e Rússia, que enviaram mensagens de pêsames.

O falecimento de Bento XVI também abre uma nova etapa para o pontificado de Francisco, de 86 anos, que confessou, em várias ocasiões, que não descarta renunciar, se ficar incapacitado. Uma opção impossível com dois papas no Vaticano, um emérito e outro reinante. Três pontífices seriam impensáveis até para os mais anticlericais.

Para muitos observadores e apoiadores do Vaticano, Francisco está empenhado em fazer uma série de reformas internas e não pensa em abdicar por enquanto. E poderia, inclusive, estabelecer normas para os papas eméritos, após o precedente estabelecido por Bento XVI, o primeiro a renunciar em seis séculos de história.

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