CHILE

Boric completa 1 ano no poder com sinais de ter controlado as rédeas do país

O presidente chileno recebeu um país que vinha de três anos dos efeitos da crise social que eclodiu em outubro de 2019

Agence France-Presse
postado em 09/03/2023 12:10 / atualizado em 09/03/2023 12:10
 (crédito: MARCELO SEGURA / CHILEAN PRESIDENCY / AFP)
(crédito: MARCELO SEGURA / CHILEAN PRESIDENCY / AFP)

Gabriel Boric completa um ano à frente do governo chileno, período em que conseguiu, não sem contratempos, normalizar a vida no país após três anos de atritos e incertezas. Foi um início marcado pela expectativa de sua posse, erros ingênuos, inexperiência de uma nova geração política que emergiu das passeatas estudantis da última década.

Porém, seis meses após sua chegada ao poder, a rejeição de uma nova Constituição para substituir a herdada da ditadura de Augusto Pinochet (1990-1973), projeto com o qual o governo havia se comprometido, marcou uma virada.

O presidente reconheceu erros, decidiu ampliar sua base de apoio e incluiu ministros com mais experiência. "Recebemos um país difícil, mas também cometemos erros. Porém, ter a capacidade de reconhecê-los, corrigir o rumo, o que acho que fizemos, nos permitirá seguir em frente", disse Boric em novembro, em entrevista a um jornal da cidade de Temuco (sul).

Com a rejeição da nova Carta, o presidente deixou o processo constitucional nas mãos do Congresso e focou em seu trabalho presidencial, para enfrentar a turbulência econômica, os problemas de segurança e migração, isso tudo com minoria no Parlamento.

O presidente recebeu um país que vinha de três anos dos efeitos da crise social que eclodiu em outubro de 2019, um processo constitucional polarizado e dificuldades econômicas em decorrência da pandemia.

Recuperação nas pesquisas 

O resultado foi que Boric conseguiu aumentar sua popularidade um ano depois. Duas pesquisas mostram melhora na aprovação presidencial: 35% segundo a Cadem, o melhor resultado desde setembro passado; e 39%, segundo a Criteria, o melhor nível desde que Boric assumiu o cargo, o que reflete o apoio à sua reação à catástrofe dos incêndios florestais, melhores resultados na segurança e números econômicos animadores.

"Ao contrário do que se esperava, com Boric a imperatividade do Estado foi recuperada. Isso é observado na gestão da economia. Ele estabeleceu uma disciplina fiscal que não se via há 12 anos e por isso os resultados são muito positivos", disse à AFP o sociólogo e analista político Eugenio Tironi.

Apesar da resistência tradicional da esquerda, Boric ordenou o envio das Forças Armadas, ao sul e ao norte, para enfrentar questões como migração irregular, criminalidade e ações violentas de grupos mapuches.

Há dois pilares fundamentais no gabinete: Carolina Tohá (57), ministra do Interior, que entrou para o governo com a reforma ministerial após a rejeição ao projeto de Constituição; e Mario Marcel (63), titular da pasta da Fazenda.

Ambos fazem parte de uma geração política mais antiga que a de Boric, e não são membros da Frente Ampla do governante, mas integram o chamado socialismo democrático.

"Sem dúvida o presidente teve grandes lições e isso se manifesta em quem hoje faz parte de seu gabinete político, quem são os que governam com ele (...). Mas os golpes que o governo tem recebido, como o plebiscito de setembro, os erros(...) levantam dúvidas sobre o quanto ele realmente aprendeu", diz Magdalena Vergara, diretora do centro de estudos conservador Idea País.

O primeiro aniversário coincide com sinais econômicos positivos: queda da inflação (11,9% anual), desemprego baixo (8%), melhor posição do peso chileno frente às moedas e um surpreendente crescimento de 0,4% da economia em janeiro.

Crises 

A crise dos incêndios florestais no centro-sul do Chile, iniciada em fevereiro e que consumiu 439 mil hectares e deixou 26 mortos, representou um novo desafio para o governo de Boric.

Ele optou pela rápida declaração do estado de calamidade, pelo envio permanente dos ministros na área afetada, pela suspensão das férias do presidente e sua presença no terreno.

Boric também permitiu que o Congresso ratificasse a entrada do país no Acordo Abrangente e Progressivo para a Parceria Transpacífica (CPTPP, em sua sigla em inglês), ao qual se opôs quando era deputado.

Na política externa, não temeu ser tachado de “esquerda covarde”, como disse o venezuelano Nicolás Maduro, depois de acusar diretamente o nicaraguense Daniel Ortega de ser um “ditador”.

"A questão geracional pode ser relevante para explicar as diferenças de postura entre Boric e seus colegas da esquerda latino-americana. Em geral, os millennials não carregam a bagagem ideológica de líderes mais tradicionais da esquerda", disse Michael Shifter, ex-presidente do centro de estudos Diálogo Interamericano, com sede em Washington.

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