Coroação

A cadeira de 700 anos restaurada para a coroação de Charles 3º

Com 700 anos, a cadeira feita de carvalho é descrita como "extremamente frágil" por especialistas em conservação da Abadia de Westminster, em Londres

BBC
BBC Geral
postado em 03/05/2023 14:51

A cadeira medieval usada na coroação dos monarcas da família real britânica está sendo restaurada, de forma a estar pronta para a coroação do rei Charles 3º.

Com 700 anos, a cadeira feita de carvalho é descrita como "extremamente frágil" por especialistas em conservação da Abadia de Westminster, em Londres.

O meticuloso trabalho de preservação se destina a limpar a cadeira e estabilizar suas camadas de dourado descamadas.

Tudo isso faz parte dos preparativos para a cerimônia de coroação do rei que será realizada na Abadia de Westminster, em 6 de maio.

A histórica cadeira da coroação, peça central da cerimônia há séculos, é uma "obra de arte única", afirma a especialista em conservação Krista Blessley.

"É a peça de mobiliário mais antiga ainda usada para sua finalidade original", diz ela.

Cadeira da coroação
Duncan Stone
Assim como seus predecessores, o rei Charles sentará na cadeira de coroação na Abadia de Westminster

A cadeira foi feita por ordem de Edward 1º, que reinou de 1272 a 1307, e foi usada em praticamente todas as cerimônias de coroação desde então.

Mas Blessley esclarece que "não é uma peça de museu" e sofreu duros golpes ao longo do tempo.

Turistas e crianças em idade escolar marcaram a mobília com "pichações" nos séculos 18 e 19.

"P. Abbott dormiu nesta cadeira de 5 a 6 de julho de 1800" está entre os dizeres entalhados na cadeira, que será usada pelo rei Charles na cerimônia.

Posteriormente, a cadeira foi danificada em um ataque a bomba em 1914, atribuído a sufragistas que faziam campanha pelo voto feminino.

"É extremamente frágil. Tem uma estrutura de camadas complexa, o que significa que as camadas douradas muitas vezes descamam, então muito do meu trabalho é colar essas camadas douradas de volta, me certificando de que estejam completamente firmes antes da coroação", diz Blessley.

Cadeira da coroação
Duncan Stone
'Pichação' entalhada na parte de trás da cadeira histórica

A especialista em conservação já vem trabalhando na cadeira há quatro meses.

"Se houver pequenas mudanças na umidade, a madeira se move, e essa complexa estrutura de camadas se move — novas áreas vão levantar. Posso firmar algo neste mês, e em dois meses talvez precise firmar novamente", explica Blessley.

Mas ela está muito orgulhosa de estar trabalhando em um "exemplo primoroso" de artesanato medieval, incluindo o fato de ter encontrado um desenho de dedos do pé, até então desconhecido, na parte de trás da cadeira.

Em sua forma medieval original, a cadeira era revestida com folhas de ouro douradas e vidro colorido, com desenhos de pássaros, folhagens, animais, santos e um rei.

A cadeira foi projetada para incluir a Pedra da Coroação, ou Pedra do Destino, que havia sido tomada da Escócia por Edward 1º. A pedra, que atualmente está na capital escocesa, Edimburgo, deve ser levada à Abadia de Westminster para a coroação.

Coroação da rainha Elizabeth 2ª
Universal History Archive
A rainha Elizabeth 2ª na cadeira de coroação em 1953

George Gross, da Universidade King's College London, no Reino Unido, faz parte de um projeto de pesquisa sobre a história das coroações.

Nas coroações recentes, a cadeira em estilo gótico de encosto alto foi deixada descoberta, mas ele conta que nas eras Tudor e Stuart ela teria sido coberta por um luxuoso pano de ouro.

A coroação tem um forte elemento religioso, e Gross acredita que a antiga cadeira adquiriu seu próprio status sagrado — como uma "relíquia profundamente mística", que era vista "emanando uma forma de radioatividade espiritual".

À medida que a coroação do rei Charles 3º se aproxima, começam a sugir detalhes sobre a cerimônia, incluindo 12 músicas novas especialmente compostas para a ocasião, sendo um hino de autoria do compositor Andrew Lloyd Webber.

A expectativa é de que a cerimônia seja mais curta e inclusiva do que em 1953, com cerca de 2 mil convidados, em vez dos 8 mil que compareceram à coroação da falecida rainha Elizabeth 2ª.

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