ESTADOS UNIDOS

Superterça: Trump e Biden levam a melhor e devem se enfrentar em novembro

Ex-presidente conservador lidera a maior rodada de primárias que definirá a indicação republicana, avançando rumo à revanche contra o democrata Joe Biden na corrida à Casa Branca, em novembro

Convidados de Donald Trump acompanham os resultados das primárias na mansão do magnata em Mar-a-Lago, na Flórida      -  (crédito:  Getty Images via AFP)
Convidados de Donald Trump acompanham os resultados das primárias na mansão do magnata em Mar-a-Lago, na Flórida - (crédito: Getty Images via AFP)

Em votações sem expectativa de surpresas, milhões de norte-americanos foram convocados para participar, ontem, da Superterça, dia que concentra a realização de primárias no maior número de estados do país — 15 dos 50. As pesquisas já davam como certo o ex-presidente Donald Trump, 77 anos, vencedor em todos os locais em disputa pela indicação republicana para a corrida à Casa Branca, graças ao apoio de uma base de simpatizantes muito sólida. Da mesma forma, o presidente Joe Biden, 81, não tem quem ameace sua candidatura democrata à reeleição.

Os primeiros resultados confirmaram as pesquisas. Às 19h25 (21h25, no horário de Brasília), o ex-presidente conservador foi declarado vencedor na Virgínia, na Costa Leste. Menos de duas horas depois, às 23h10, o republicano também havia derrotado a única rival, Nikki Haley, na Carolina do Norte, Oklahoma, Tennessee, Maine, Alabama, Arkansas, Texas e Massachusetts. Na Superterça, mais de um terço dos delegados de cada partido estava em jogo: 865 dos republicanos e 1.420 dos democratas.

As votações de ontem foram realizadas do extremo nordeste dos EUA até a costa oeste, passando pelo Texas, no sul, e por Samoa Americana, um pequeno território no Pacífico. Eleitores de Minnesota, Utah, Vermont e Colorado também votaram. Nesse último estado, a inclusão de Trump na cédula foi garantida um dia antes por decisão da Suprema Corte.

Em frente a um colégio eleitoral em Huntington Beach, na Califórnia, a maioria dos eleitores republicanos com os quais a agência de notícias France Presse (AFP) conversou apoia Trump. Muitos consideraram desnecessário seguir com as primárias, diante da aguardada derrota de Nikki Haley, 52 anos, única concorrente de Trump no Partido Republicano. "Haley é uma causa perdida", opinou Andrew Pugel, um engenheiro de 57 anos, sobre a representante da ala moderada da legenda.

Desde 15 de janeiro, e apesar de seus vários problemas legais, o ex-presidente saiu vitorioso de quase todas as primárias do seu partido, com exceção de Washington, capital dos Estados Unidos, onde Haley venceu no domingo. Muitos foram os rivais que jogaram a toalha ao longo do caminho, inclusive o governador da Flórida, Ron DeSantis, que chegou a ser considerado um nome forte para barrar Trump, mas acabou desistindo e manifestou apoio ao ex-presidente.

Derrotada inclusive em sua terra natal — Carolina do Sul —, a ex-embaixadora na ONU e ex-governadora da Carolina do Sul prometeu restaurar a "normalidade" face ao "caos de Trump". Os republicanos não "compraram" o discurso, mas Haley se recusou a jogar a toalha porque seria "a saída mais fácil". Depois de ontem, a desistência é aguardada.

Projeção

Em tese, as primárias republicanas podem durar até julho. Mas a equipe de Trump prevê uma vitória em 19 de março, no mais tardar, após a votação na Geórgia e na Flórida. O milionário quer focar o mais rápido possível em uma revanche com Joe Biden, antes de se concentrar em seus problemas jurídicos. O primeiro julgamento criminal do magnata republicano começa no próximo dia 25, em Nova York.

Do lado democrata, o presidente Biden, de 81 anos, concorre à reeleição sem nenhum grande rival nas primárias. As candidaturas do deputado Dean Phillips do Minnesota e da autora de livros de autoajuda Marianne Williamson nunca despertaram entusiasmo, apesar das críticas recorrentes dos eleitores sobre a idade do atual chefe da Casa Branca ou seu apoio a Israel. Dessa forma, a disputa interna é uma mera formalidade.

Para Charles Reid Sales, 93 anos, os ataques que Biden vem recebendo pela idade são irrelevantes. "Eu não esperava votar hoje, mas vim", disse à AFP em Houston, no Texas. "Biden? Ele nunca será velho demais!", opinou o eleitor.

O presidente terá que defender a sua política e visão para os Estados Unidos, amanhã, perante o Congresso, durante o tradicional discurso do estado da União.

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postado em 06/03/2024 05:00
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