EUA

Biden transforma discurso no Congresso em ato de campanha

Candidato a um novo mandato, presidente transforma tradicional discurso do estado da União em ato de campanha, marca diferenças em relação ao republicano Donald Trump, despreza "rancor" do adversário e exalta recuperação econômica

 WASHINGTON, DC - MARCH 07: U.S. President Joe Biden delivers the State of the Union address during a joint meeting of Congress in the House chamber at the U.S. Capitol on March 07, 2024 in Washington, DC. This is Biden?s last State of the Union address before the general election this coming November. Biden was joined by Vice President Kamala Harris and Speaker of the House Mike Johnson (R-LA).   Chip Somodevilla/Getty Images/AFP (Photo by CHIP SOMODEVILLA / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP)
       -  (crédito: Getty Images via AFP)
WASHINGTON, DC - MARCH 07: U.S. President Joe Biden delivers the State of the Union address during a joint meeting of Congress in the House chamber at the U.S. Capitol on March 07, 2024 in Washington, DC. This is Biden?s last State of the Union address before the general election this coming November. Biden was joined by Vice President Kamala Harris and Speaker of the House Mike Johnson (R-LA). Chip Somodevilla/Getty Images/AFP (Photo by CHIP SOMODEVILLA / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP) - (crédito: Getty Images via AFP)
postado em 08/03/2024 05:00

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, usou o tradicional discurso do estado da União, no
Congresso, ontem à noite, para tentar conquistar a simpatia dos norte-americanos e assegurar sua reeleição, em novembro. O democrata, de 81 anos, exaltou os avanços econômicos de seu
governo — segundo ele, a “maior recuperação” da história do país — e procurou marcar um distanciamento do magnata republicano Donald Trump, seu adversário, sem citá-lo nominalmente.

Acompanhado ao vivo por milhões de telespectadores, o pronunciamento foi transformado em um discurso de campanha. Biden disse rejeitar “o rancor, avingança e a revanche” encarnados por Trump, a quem derrotou nas eleições de 2020. Contra as ideias do antecessor, o atual presidente ressaltou os “valores fundamentais que definem os Estados Unidos: honestidade, decência, dignidade, igualdade”.

Ainda ontem, em uma nova provocação, o magnata acusou Biden de ter transformado os Estados Unidos em um “filme de terror” e pediu para debater com ele antes das convenções em que as candidaturas serão oficializadas. Com influência crescente no Partido Republicano, o ex-presidente, que enfrenta várias acusações criminais, promete “vingar” a derrota de quase quatro anos atrás, que nunca reconheceu.

“Assumi o cargo com a firme intenção de nos ajudar a superar um dos períodos mais difíceis da história do nosso país. Embora não apareça nos jornais, em milhares de cidades e povoados, o
povo americano está escrevendo a maior história de recuperação já contada”, destacou Biden, convencido de que “fez mais em três nos do que a maioria dos outros presidentes em oito” em termos econômicos.

Em todos os níveis, o democrata fez o possível para se distinguir do opositor, a quem descreve como um defensor dos ricos, uma ameaça ao direito ao aborto e um perigo para a democracia. Biden criticou explicitamente a anulação da garantia federal à interrupção da gravidez, um dos grandes temas da campanha para as eleições presidenciais. “Claramente aqueles que se vangloriam de revogar essa garantia constitucional não têm ideia do poder das mulheres nos Estados Unidos”, observou.

Antes de subir ao palco, o presidente fingiu receber conselhos por videoconferência de atores que interpretaram o papel de presidente no cinema ou na televisão. Em um vídeo divulgado pela Casa Branca, ele pode ser visto conversando com estrelas de Hollywood como Geena Davis, Michael Douglas, Bill Pullman e Morgan Freeman.

Guerra

Ainda à tarde, a Casa Branca começou a revelar os principais pontos da fala presidencial sobre economia e política externa. Alvo de severas críticas pelo apoio a Israel, que enfurece o eleitorado muçulmano e de oriegm árabe, o democrata teve que abordar a guerra contra o Hamas.

Biden anunciou ter ordenado ao Exército norte- americano o estabelecimento de um porto
em Gaza para transportar mais ajuda humanitária à Faixa de Gaza, sitiada pelas tropas israelenses. Antecipada por assessores, a ideia “levará várias semanas para ser planejada e executada”, e envolve um corredor marítimo para levar ajuda por mar a partir da ilha de Chipre, no Mediterrâneo.

O projeto não implica presença de tropas americanas no enclave, submetida a bombardeios incessantes de Israel desde o ataque de 7 de outubro do grupo islamista. O pessoal militar permanecerá em alto-mar enquanto outros aliados participam, segundo fontes do governo.

A quantidade de ajuda que chega a Gaza por terra por meio de caminhões vem diminuindo ao
longo dos cinco meses de guerra, completados ontem, e os cidadãos do território palestino sofrem com uma grave escassez de alimentos, água e medicamentos.

O governo do premiê Benjamin Netanyahu foi informado sobre o porto emergencial. Washington trabalha com autoridades israelenses nos requisitos de segurança, ao mesmo tempo em que vão se coordenar com “parceiros e aliados”, além de organizações da ONU e de ajuda.

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