xenotransplante

Mulher que recebeu transplante de porco há dois meses atinge marco de saúde

Cirurgia de Towana Looney marca a primeira vez que um paciente sobrevive tanto tempo com o transplante de rim de porco

Towana Looney é a primeira paciente a ultrapassar 65 dias após transplante de rim de porco -  (crédito: AFP)
Towana Looney é a primeira paciente a ultrapassar 65 dias após transplante de rim de porco - (crédito: AFP)

Há dois meses, a estadunidense Towana Looney, de 53 anos, se tornava a primeira pessoa do mundo a receber um transplante de rim suíno geneticamente modificado. De quatro outros pacientes que realizaram a cirurgia com órgãos animais, Towana também é a primeira a sobreviver por tanto tempo. 

Após oito anos de insuficiência renal e tratamento por diálise, a paciente realizou o xenotransplante – caracterizado pelo uso de órgãos de animais geneticamente modificados – no hospital NYU Langone Health, em novembro de 2024.

Em entrevista ao National Public Radio (NPR), Towana afirmou que nunca se sentiu tão bem: "Estou me sentindo ótima. Muita energia. Tenho andado muitos quarteirões. Andei 10 quarteirões um dia." Quando em diálise, a mulher registrava alta fadiga e falta de apetite, agora regulados. 

Toda manhã, Towana passa no hospital para conferir se tudo está indo bem. Os médicos antecipam que, em cerca de um mês, ela possa retornar para a casa no Alabama. Segundo o NPR, Dr. Robert Montgomery, líder da operação médica, comemorou a melhora da paciente: "Se você passasse por Towana na rua, não teria ideia de que ela é a única pessoa no mundo que anda por aí com um rim de porco funcionando. Isso é muito importante."

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Montgomery, que recebeu um transplante de coração humano em 2018, diz que os pesquisadores esperam que, um dia, órgãos animais geneticamente modificados possam resolver a escassez de doações de órgãos, salvando milhares de vidas todos os anos. Embora a proposta seja futurística, ele ressalta que ninguém sabe quanto tempo o rim de porco de Towana vai durar: "Espero que dure muito tempo, mas estamos em território desconhecido".

Em contrapartida ao sucesso de Towana, alguns pesquisadores temem que órgãos suínos possam transmitir vírus de animais aos humanos e que animais sejam criados e abatidos para a obtenção dos órgãos. Antes de Towana, os outros quatros pacientes que receberam o transplante não sobreviveram por mais de dois meses.  

 

Bianca Lucca
postado em 03/02/2025 10:37 / atualizado em 03/02/2025 10:57
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