GUERRA

Trump diz que Zelensky atrapalha acordos para encerrar guerra na Europa

Além disso, Zelensky enfrenta crescentes pressões dos Estados Unidos para assinar um acordo que daria prioridade a Washington para explorar os recursos minerais estratégicos do país. No início do mês, Trump anunciou que queria obter acesso a 50% das terras raras em troca da ajuda fornecida a Kiev durante a guerra

Trump chamou Zelensky de
Trump chamou Zelensky de "ditador" ao iniciar uma aproximação repentina com o Kremlin, uma reviravolta perigosa para a Ucrânia, dada a importância dos Estados Unidos como fornecedor de ajuda militar e financeira - (crédito: Getty Images via AFP)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou, ontem, que não considera essencial que o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, esteja presente nas negociações com a Rússia para acabar com a guerra na ex-república soviética.

“Não acho que seja muito importante que ele esteja nas reuniões”, declarou o republicano à Fox Radio. “Ele está lá há trêsanos. Ele dificulta muito os acordos”, acrescentou.Mais tarde, durante uma reunião com governadores, na Casa Branca, Trump reforçou as críticas ao ucraniano.

“Tive conversas muito boas com (o presidente russo, Vladimir) Putin,e não tão boas com a Ucrânia.Eles não têm nenhuma carta,mas jogam duro. Mas não vamos permitir que isso continue”, disse o presidente.

Cada vez mais próximo do presidente russo, com quem deve se encontrar ainda este mês,Trump pressiona Zelensky aaceitar seus termos de negociação para o fim do conflito, que completa três anos na próxima segunda-feira. O porta voz do Kremlin, Dmitri Peskov, reiterou, ontem, que Putin está“ aberto” a negociações de paz, mas em bases próprias.

“Temos nossos objetivos relacionados à nossa segurança nacional e aos nossos interesses nacionais, e estamos prontos para alcançá-los por meio de negociações de paz”, afirmou Peskov. Moscou exige que Kiev ceda quatro regiões ucranianas que os russos alegam ter anexado, além da península da Crimeia. Também exige que Zelensky renuncie à adesão à Otan, o que Kiev rejeita categoricamente. Alinhado à Rússia, Trump e seus colaboradores consideram “pouco realista” a adesão da Ucrânia à Otan e sua ambição de recuperar os territórios tomados por Moscou. 

Além disso, Zelensky enfrenta crescentes pressões dos Estados Unidos para assinar um acordo que daria prioridade a Washington para explorar os recursos minerais estratégicos do país. No início do mês, Trump anunciou que queria obter acesso a 50% das terras raras em troca da ajuda fornecida a Kiev durante a guerra. 

O líder ucraniano rejeitou a primeira proposta dos EUA, argumentando que ela não oferecia garantias de segurança a seu país. Desde então, as tensões entre Kiev e Washington aumentaram.

Trump chamou Zelensky de “ditador” ao iniciar uma aproximação repentina com o Kremlin, uma reviravolta  perigosa para a Ucrânia, dada a importância dos Estados Unidos como fornecedor de ajuda militar e financeira. Um alto funcionário do governo de Zelensky, porém, disse, ontem, que Kiev e Washington “continuam” negociando um acordo sobre os recursos minerais ucranianos. 

“Há uma troca constante de documentos preliminares, enviamos outro na quinta-feira e estamos esperando uma resposta dos EUA”, disse a fonte, que pediu anonimato, à agência de notícias France Presse (AFP). O assessor norte-americano de Segurança Nacional, Mike Waltz, garantiu que Zelensky firmará um acordo em um prazo muito curto. “Isso é bom para a Ucrânia”, assinalou. Um dia antes, o presidente da Ucrânia recebeu, em Kiev, o enviado de Trump, Keith Kellog, num encontro que ambos consideraram positivo. 

Ontem, após conversar com o presidente da Polônia, Andrzej Duda, Zelensky escreveu na rede social X: “É importante que os Estados Unidos estejam do nosso lado. Uma paz sólida e duradoura só pode ser alcançada com unidade”.

Correio Braziliense
postado em 22/02/2025 05:00
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