DIPLOMACIA

Os 4 passos do plano da Europa para acabar com a guerra na Ucrânia

O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, revelou um plano de quatro etapas para garantir a paz na Ucrânia, após uma cúpula com líderes europeus em Londres

Após a cúpula, Starmer falou em 'encruzilhada da História' -  (crédito: EPA-EFE/REX/Shutterstock)
Após a cúpula, Starmer falou em 'encruzilhada da História' - (crédito: EPA-EFE/REX/Shutterstock)

O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, revelou um plano de quatro etapas para garantir a paz na Ucrânia.

O anúncio aconteceu logo após uma cúpula que reuniu líderes de Europa, Turquia e Canadá em Londres neste domingo (2/3).

Segundo Starmer, "a Europa deve fazer o trabalho pesado" em relação ao conflito na Ucrânia, mas o apoio dos Estados Unidos é necessário para que isso se concretize.

Neste domingo, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky também se encontrou com o Rei Charles 3°.

Ontem, durante uma reunião com Starmer, o presidente ucraniano fechou um acordo de empréstimo de cerca de R$ 19 bilhões para ajudar nos esforços de guerra.

A passagem de Zelensky pelo Reino Unido acontece logo depois do bate-boca televisionado que ele protagonizou com o presidente dos EUA, Donald Trump, e o vice-presidente americano, JD Vance, na Casa Branca.

Quais são as quatro etapas do plano

Logo após a cúpula, Starmer afirmou que cada nação deve contribuir da melhor maneira possível, e todos precisam aumentar a parcela de responsabilidade para acabar com o conflito.

O primeiro-ministro do Reino Unido disse que os líderes concordaram com quatro etapas importantes nesse processo:

  • Manter a ajuda militar para a Ucrânia enquanto a guerra estiver em andamento e aumentar a pressão econômica sobre a Rússia;
  • Qualquer paz duradoura deve garantir a soberania e a segurança da Ucrânia, e a Ucrânia deve estar à mesa para quaisquer negociações de paz;
  • No caso de um acordo de paz, os líderes europeus tentarão impedir qualquer invasão futura da Rússia na Ucrânia;
  • Haveria uma "coalizão dos dispostos" para defender a Ucrânia e garantir a paz no país. Essa coalizão envolveria não apenas países europeus, mas de outras partes do mundo.
Keir Starmer
EPA-EFE/REX/Shutterstock
Após a cúpula, Starmer falou em 'encruzilhada da História'

'Estamos numa encruzilhada da História'

Starmer afirmou que o planejamento das ações será intensificado agora, diante da urgência dos fatos.

Ele também reafirmou o compromisso do Reino Unido em apoiar a Ucrânia com "botas no chão e aviões no ar".

"A Europa deve fazer o trabalho pesado", ele declarou.

Mas Starmer reforçou que um acordo precisa do apoio dos EUA.

"Deixe-me esclarecer, concordamos com Trump sobre a necessidade urgente de uma paz duradoura. Agora precisamos entregar [isso] juntos."

Starmer ainda declarou que, durante a cúpula, os líderes concordaram em se reunir novamente em breve para "manter o ritmo por trás das ações" e continuar a trabalhar em direção a um plano compartilhado.

"Estamos em uma encruzilhada na História", disse Starmer.

"Este não é um momento para mais conversas. É hora de agir e nos unir em torno de um novo plano para uma paz justa e duradoura", concluiu ele.

'A Europa acordou': a reação dos líderes após a cúpula

O primeiro-ministro polonês Donald Tusk disse no X (o antigo Twitter) que "a Europa acordou".

Tusk detalhou que os líderes presentes "falaram todos com uma só voz sobre ajudar a Ucrânia, a necessidade de uma cooperação transatlântica próxima e o fortalecimento da fronteira oriental".

Para a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, "a única coisa que não podemos permitir é uma paz [na Ucrânia] que não dure".

"Devemos ter muito cuidado ao avaliar o que está sendo proposto, particularmente em resposta a esta questão-chave: essa paz pode ser violada? Porque, infelizmente, já vimos isso acontecer no passado", continuou ela.

No X, o chanceler alemão Olaf Scholz mencionou que os "aliados transatlânticos" da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) continuam a ser "a chave para a segurança" de EUA, Canadá e Europa.

Ele também disse que a aliança foi fortalecida nos últimos anos "com novos membros e gastos com defesa" e que esse é "o caminho que continuaremos a seguir no futuro".

O primeiro-ministro holandês Dick Schoof, também no X, reiterou que a Europa "deve assumir um papel maior em garantir a segurança do continente" e acrescentou que "boas relações transatlânticas são indispensáveis".

Georgia Meloni
EPA-EFE/REX/Shutterstock
Meloni reforçou que o objetivo é buscar uma 'paz duradoura' na Ucrânia

'É importante estar preparado para o pior', diz chefe da Comissão Europeia

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, descreveu a cúpula dos líderes como uma "discussão boa e franca".

Ela afirmou que houve debates sobre a necessidade de garantias de segurança abrangentes, que incluam colocar a Ucrânia em uma posição de força e garantir que ela tenha os meios para "fortificar e proteger" a si mesma.

Ela diz que isso envolve fatores que vão desde sobrevivência econômica à resiliência militar.

Von der Leyen também defendeu "um aumento [nos investimentos] de defesa".

"Agora é de suma importância que aumentemos os gastos [com defesa]... É importante estar preparado para o pior", complementou ela.

Von der Leyen mandou uma mensagem direta a Donald Trump: "Estamos prontos, juntos com você, para defender a democracia, para defender o princípio de que há um Estado de direito, de que você não pode invadir seu vizinho ou não pode mudar as fronteiras com a força."

"É do nosso interesse comum evitar guerras futuras", acrescentou ela.

BBC
BBC Geral
postado em 02/03/2025 17:19 / atualizado em 02/03/2025 20:25
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