O ex-presidente do Uruguai e importante líder político da esquerda latino-americana, Pepe Mujica, morreu na tarde desta terça-feira (13/5), aos 89 anos. Mujica enfrentava um câncer no esôfago, anunciado em abril de 2024, e estava em reclusão, longe da vida pública, para aproveitar os momentos perto da família.
Considerado o político mais popular do país, Mujica deixa um legado de simplicidade para apoiadores e saudade para amigos e familiares.
Embora estivesse longe das entrevistas, o amigo e pesquisador da Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP), Atahualpa Blanchet, 42 anos, conta que o último contato com o político aconteceu na semana passada, quando o ex-presidente gravou um vídeo para Congresso da Confederação Sindical das Américas. “Ele fez questão de participar”, comenta.
O último encontro pessoalmente foi no ano passado. “Nós tratamos de respeitar esse momento de recolhimento dele”, conta. Na ocasião, lembra que conversaram sobre os impactos da inteligência artificial.
“Ele me perguntou de onde vinham os dados da IA e eu respondi que eram de banco de dados, ele disse ‘então não é tão artificial’”, relembra. “Eu concordei e ele disse: ‘Então não é tão inteligente’”.
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Para ele, Mujica é o verdadeiro exemplo de alguém que vive o que prega, de simplicidade e de saber aproveitar os verdadeiros prazeres da vida em meio a uma sociedade que estimula o consumo excessivo. “Uma das principais lições que ele deixa é saber usar o tempo para cultivar afetos, dedicar tempo para fazer o que a gente ama e para quem a gente ama”, diz.
Em janeiro, o ex-presidente anunciou que não daria continuidade ao tratamento da doença: “O guerreiro tem direito a seu descanso”.
* Matéria em atualização
