
Virou rotina. Pelo menos 60 palestinos foram assassinados e 200 ficaram feridos por disparos de drones e de tanques israelenses enquanto tentavam obter farinha de caminhões da organização não governamental World Central Kitchen, em uma estrada a leste da cidade de Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza. "Drones israelenses dispararam contra a multidão. Minutos depois, tanques israelenses lançaram vários projéteis", declarou Mahmud Basal, porta-voz da Defesa Civil, à agência France-Presse.
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As Forças de Defesa de Israel (IDF) reconheceram os disparos de seus soldados e anunciaram que o incidente está sob investigação. "Hoje mais cedo, uma aglomeração foi identificada próxima a um caminhão de distribuição de ajuda na área de Khan Yunis, e nas proximidades das tropas das IDF que operam na área. As IDF estão cientes de relatos sobre vários feridos por disparos após a aproximação da multidão", afirma uma nota do Exército israelense. "Os detalhes do incidente estão sendo analisados. As IDF lamentam qualquer dano causado a indivíduos não envolvidos e trabalham para minimizar os danos o máximo possível, enquanto mantêm a segurança de nossas tropas."
Chefe do Escritório de Direitos Humanos da ONU nos Territórios Ocupados, Anjit Sunghay explicou ao Correio que incidentes do tipo têm sido praticamente diários. "Nesse momento, estamos verificando os números exatos e as circunstâncias das matanças de hoje (ontem). Desde 27 de maio passado, quando a Fundação Humanitária de Gaza começou a distribuir ajuda, temos visto assassinatos de palestinos, principalmente vitimados por disparos das IDF."
Sunghay cobrou o urgente envio livre de ajuda humanitária para dentro de Gaza, por meio da ONU e de nossos parceiros humanitários. "Israel tem que facilitar essa necessidade urgente. Temos visto o caos: as pessoas precisam escolher entre morrer de fome e levar um tiro quando tentarem obter comida."
Famintos
Segundo Sunghay, a inexistência de uma polícia civil em Gaza dificulta a manutenção da ordem. "Além disso, há uma massiva falta de alimentos, e as pessoas estão com fome. Nessas circunstâncias, quando você envia comida em pequenas quantidades, por meio de caminhões, é claro que pessoas frustradas, nervosas, cansadas e lutando contra a fome pularão umas sobre as outras", afirmou. O chefe do Escritório de Direitos Humanos da ONU lembra que havia apenas quatro centros de distribuição de ajuda da Fundação Humanitária de Gaza. "Isso para 2,2 milhões de pessoas, o que significa 550 mil palestinos para cada centro. É possível imaginar o completo caos."
Jens Laerke, porta-voz do Escritório da ONU para Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), confirmou ao Correio que pelo menos 60 palestinos foram mortos. "Os feridos deram entrada no Complexo México Nasser, onde equipes médicas operam com suprimentos extremamente limitados — as unidades de terapia intensiva e de emergência estavam superlotadas antes mesmo do incidente desta terça-feira", relatou. "Setenta vítimas foram levadas a hospitais de campanha."
Laerke conversou com Johnathan Whittal, chefe do OCHA nos Territórios Ocupados, que encontra-se em Gaza. "Ele me contou que há um padrão assustador. De forma repetida, os feridos relatam terem sido atacados enquanto tentavam obter a ajuda necessária para sobreviver", comentou. "Mais uma vez, ressaltamos que civis nunca devem ser alvos, muito menos aqueles que buscam comida em meio à fome constante."
O embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, denunciou um "crime sistemático, que ultrapassa todos os limites". "A guerra de fome contra o povo palestino é a mais suja que pode existir entre todas as guerras. Uma das coisas mais condenáveis que pode haver é submeter crianças à morte por fome ou sede. O mundo tem que colocar fim às barbáries cometidas contra os palestinos", disse à reportagem.
EU ACHO...
"Desde 27 de maio, quase que diariamente palestinos têm sido mortos ou feridos por disparos, ao tentarem conseguir comida. Mais de 3.000 pessoas foram assassinadas nessas condições, de acordo com o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza. É muito difícil verificar esses números de forma independente. Isso mostra um completo caos e anarquia na distribuição de alimentos."
Anjit Sunghay, chefe do Escritório de Direitos Humanos da ONU nos Territórios Ocupados
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