
A organização Avós da Praça de Maio, que busca as crianças sequestradas durante a ditadura argentina (1976-1983), anunciou, na segunda-feira (7/7), que encontrou o 140º neto. Trata-se de um homem nascido em 17 de abril de 1977, no centro clandestino La Escuelita, na cidade de Bahía Blanca. Ele é filho de Graciela Alicia Romero e Raúl Eugenio Metz, dois ativistas que até hoje constam como desaparecidos. O filho de ambos nasceu em cativeiro na província de Neuquén.
"Confirmamos, mais uma vez, que nossos netos e netas estão entre nós, e que, graças à perseverança e ao trabalho constante nestes 47 anos de luta, eles continuarão aparecendo", disse em entrevista coletiva em Buenos Aires a presidente da organização, Estela de Carlotto.
Adriana Metz Romero, 48, irmã mais velha do neto recuperado, também estava presente na coletiva de imprensa. A descoberta anunciada na segunda só foi possível graças a uma denúncia anônima. "Decidiu-se chamá-lo, para saber se ele concordaria com o teste de DNA. Ele concordou e foi revelado que é meu irmão", disse Adriana.
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"Foi o próprio Estado, por meio do terrorismo de Estado, que facilitou a apropriação dessas crianças, por isso tem que facilitar as buscas. Essas 300 pessoas que resta encontrar fazem parte da nossa sociedade e devem poder exercer seu direito à identidade", acrescentou Adriana.
A organização Avós da Praça de Maio destacou a importância da Comissão Nacional pelo Direito à Identidade (CoNaDI) e do Banco Nacional de Dados Genéticos (BNDG) na identificação de vítimas da ditadura na Argentina. O regime ditatorial matou cerca de 30 mil pessoas.
"Os netos desaparecidos estão entre nós; eles moram em nossos bairros, trabalham e compartilham atividades, andam por nossas ruas e estão por perto. Eles precisam de apoio para incentivá-los a descobrir suas verdadeiras origens. Devemos enfatizar que a investigação deles não é um incômodo, e qualquer suspeita, por menor que seja, é um motivo para entrar em contato com as Avós. Portanto, se alguém tiver alguma informação, também pedimos que a compartilhe. São essas informações, armazenadas há anos, que nos permitem encontrar nossos netos", disse a organização.
Graciela e Raúl foram sequestrados em 16 de dezembro de 1976, em Cutral-Có, quando a mulher estava grávida de cinco meses. Depoimentos de sobreviventes revelaram que eles foram mantidos no centro clandestino "La Escuelita", em Neuquén, onde foram torturados física e psicologicamente. Posteriormente, foram levados para o centro clandestino "La Escuelita", em Bahía Blanca, onde também sofreram torturas.
Graciela deu à luz um filho em abril de 1977, durante o cativeiro. Até sexta-feira (4/7), o bebê, agora adulto, desconhecia a verdadeira identidade e que uma família inteira o procurava. "Hoje, o Estado restaura um direito fundamental de toda pessoa: o direito à identidade. As Avós fazem justiça pelos avós que já não estão entre nós e por toda a família Metz Romero, que os procurou incansavelmente. Mais uma vez, a verdade devastadora prevalece sobre o esquecimento, e a identidade floresce", frisou a Avós da Praça de Maio.
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Com informações da AFP*
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