
Em muitos lugares do mundo, é comum que as mulheres sejam alvo de críticas pelos trajes de banho, especialmente em regiões mais conservadoras. Mas em Chetaïbi, na Argélia, o foco da vigilância moral se voltou para os homens.
Autoridades locais decidiram restringir o uso de sungas e shorts justos por turistas nas praias da região, alegando que a marcação da genitália sob o tecido causava desconforto à população local. Para preservar a “paz e a tranquilidade”, o prefeito Layachi Allaoua decretou que os banhistas deveriam usar bermudas folgadas, tanto na areia quanto dentro d’água, segundo o NY Post.
Turistas, hoteleiros e comerciantes ficaram desconfortáveis com o decreto. “Essas peças de roupa de verão incomodam a população, vão contra os valores morais e o senso de decência da nossa sociedade”, insistiu Allaoua. “A população não aguenta mais ver estrangeiros vagando pelas ruas com roupas indecentes.”
Bastaram dois dias de pressão — especialmente de políticos da capital regional, Annaba — para o decreto ser revogado. A tentativa de impor trajes-padrão esbarrou em um dilema maior: como equilibrar a tradição islâmica conservadora com a vontade de atrair turistas europeus que só precisam atravessar o Mediterrâneo para chegar ali?
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Para muitos moradores, a ordem do prefeito parecia um retorno aos anos em que o país seguia à risca doutrinas religiosas rígidas, alheias à diversidade da população e ao som de moedas estrangeiras. “Embora os islamitas tenham perdido a guerra na década de 1990, eles nunca desistiram de seu projeto ideológico invasivo e intrusivo, que ganhou terreno na sociedade”, analisou o sociólogo Redouane Boudjemaâ.
No fim, a sunga venceu — ao menos por enquanto.
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