DIPLOMACIA

Mauro Vieira vai aos EUA em meio à crise comercial

Chanceler brasileiro chega a Nova York antes da entrada em vigor das tarifas de 50% impostas por Trump e busca sinal verde para negociação direta em Washington

Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira -  (crédito: Vinicius Loures/Câmara)
Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira - (crédito: Vinicius Loures/Câmara)

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, desembarcou nesta segunda-feira (28/7) em Nova York, em meio à crise diplomática com os Estados Unidos, segundo o UOL. A visita ocorre a apenas cinco dias da entrada das tarifas de 50% impostas por Donald Trump sobre produtos brasileiros.

Vieira participará de um debate de alto nível na sede da ONU sobre a “solução pacífica da questão da Palestina e a implementação da solução de dois Estados”. O evento havia sido originalmente marcado para a semana em que Israel e Irã entraram em guerra — antes de a tensão comercial entre Brasil e EUA se intensificar.

Com a remarcação da agenda, o chanceler brasileiro enviou na semana passada um emissário a Washington. A missão foi sondar a receptividade norte-americana para a visita de Vieira e verificar a possibilidade de avançar com as negociações tarifárias em nível ministerial.

Até agora, não houve sinal positivo nem recusa oficial por parte do governo Trump, ainda conforme o UOL. O emissário, junto à embaixada brasileira nos EUA, manteve contatos com interlocutores da Casa Branca, expressando a disposição de Vieira para negociar qualquer tema da agenda comercial com representantes de alto escalão designados por Trump.

De acordo com o UOL, a diplomacia brasileira deixou claro que não haveria qualquer interferência no processo judicial que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro. Mesmo assim, até o momento, não houve progresso nas negociações.

A Casa Branca tem condicionado o início de um diálogo à suspensão do processo em que Bolsonaro é réu por tentativa de abolição do Estado democrático de direito, entre outros crimes. O ex-presidente nega as acusações, e Trump classificou o caso como uma “caça às bruxas”. Essa narrativa tem sido reforçada por aliados de Bolsonaro, como o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o comentarista Paulo Figueiredo, que têm pressionado parlamentares republicanos e autoridades do governo Trump a adotarem sanções contra o Brasil até que Bolsonaro e seus apoiadores sejam anistiados.

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Vieira permanecerá em Nova York até terça-feira (29/7). Paralelamente, uma comitiva de senadores brasileiros está na capital americana para tentar abrir caminhos diplomáticos. O grupo tem encontros marcados com congressistas e empresários americanos entre terça e quarta-feira.

Apesar da tensão inicial, diplomatas avaliam que o clima arrefeceu nos últimos dias, com o afastamento do risco imediato de prisão de Bolsonaro pelo STF e a ausência de novas sanções por parte de Washington desde o dia 18.

As tratativas para uma possível agenda de Vieira em Washington seguem em curso. Desde o anúncio das tarifas, em 9 de julho, os EUA já adotaram outras duas medidas contra o Brasil: no dia 15, iniciaram uma investigação sobre supostas práticas comerciais desleais; no dia 18, impuseram restrições de entrada ao ministro do STF Alexandre de Moraes e a “aliados da Corte”, incluindo outros sete ministros e o procurador-geral da República, Paulo Gonet.

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postado em 27/07/2025 23:23 / atualizado em 27/07/2025 23:31
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