
Katmandu, capital do Nepal, tornou-se palco de protestos da chamada "Geração Z". Centenas de jovens saíram às ruas para protestar contra uma decisão do governo de bloquear redes sociais, como Facebook, YouTube, X e Linkedin. As autoridades justificaram a medida ao alegarem que as empresas não se registraram e viram-se obrigadas a suspendê-la. As forças de segurança reprimiram os protestos com armas letais. Até a noite desta terça-feira (9/9), 22 pessoas tinham sido mortas e mais de 400 ficaram feridas. Os jovens invadiram o Parlamento e atearam fogo ao edifício principal. Depois de um ataque à residência do primeiro-ministro Sharma Oli, 73 anos, que também foi incendiada, o chefe de governo apresentou sua renúncia ao meio-dia, sob a justificativa de abrir espaço para uma solução política.
Natural de Caçapava do Sul (RS), Caroline Souza, 34 anos, mora em Katmandu, onde trabalha como professora de inglês e tradutora. Ela disse ao Correio que, no sábado, o governo baniu 26 plataformas sociais do país, o que provocou revolta da população. "Na verdade, essa medida foi somente a gota d'água. O sentimento de insatisfação com o governo era crescente há algum tempo", relatou ao Correio. "A população viu isso como uma tentativa de cercear a liberdade de expressão. Dois dias depois, milhares de jovens protestaram contra essa medida e, sobretudo, contra a corrupção do governo."
Radicalização
De acordo com Caroline, os protestos se intensificaram ontem, principalmente devido às mortes durante a repressão na véspera. "Vários prédios governamentais e as casas do agora ex-premiê e dos ministros foram queimados. A situação escalou muito rapidamente. Por aqui, se fala que diferentes grupos se infiltraram nos protestos da Geração Z para tirar proveito da situação", contou. "A situação está um pouco assustadora, porque as coisas saíram do controle. O governo caiu e não se sabe o que vai acontecer agora. Durante o dia de hoje, os protestos se intensificaram. Havia milhares de pessoas e muita destruição", acrescentou. A residência do ex-premiê Jhalanath Khanal também foi queimada, e a esposa dele, Rajyalaxmi Chitrakar, morreu no incidente.
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Caroline Souza afirmou que um hotel de luxo e um grande mercado também foram incendiados. "As fronteiras terrestres fecharam. Não tem como sairmos de Katmandu neste momento. Estamos em toque de recolher, e todos os estabelecimentos comerciais baixaram as portas", disse. O vácuo de poder e a insegurança levaram à fuga de 1.500 presos.
A crise política no país fez com que a Embaixada do Nepal no Brasil cancelasse a recepção do Dia Nacional, que estava agendada para 19 de setembro, no Clube Naval de Brasília.
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