Estados Unidos

FBI caça assassino de Charlie Kirk, ativista aliado de Trump

FBI encontra rifle com mira telescópica em bosque próximo ao local do atentado contra o influenciador Charlie Kirk, em Utah. Autoridades divulgam imagens de foragido. Trump culpa a esquerda. Testemunhas relatam ao Correio o que viram

Cidadãos rezam durante vigília em memória de Charlie Kirk, no Parque Central da Cidade de Orem (Utah): comoção nacional -  (crédito: Melissa Majchrzak/AFP)
Cidadãos rezam durante vigília em memória de Charlie Kirk, no Parque Central da Cidade de Orem (Utah): comoção nacional - (crédito: Melissa Majchrzak/AFP)

O FBI (polícia federal americana) apreendeu um rifle Mauser de alta potência de calibre .30 e com mira telescópica, o qual teria sido usado para assassinar o ativista conservador Charlie Kirk, 31 anos, e divulgou as primeiras imagens do provável suspeito. Aliado do presidente Donald Trump e cofundador do movimento Turning Point USA, Kirk foi morto com um tiro no pescoço no início da tarde de quarta-feira (10/9), durante evento na Utah Valley University, na pequena localidade de Orem, a 60km de Salt Lake City. As autoridades anunciaram recompensa de US$ 100 mil (cerca de R$ 539 mil) a quem fornecer informações que levem à captura do atirador. 

Beau Mason, comissário do Departamento de Segurança Pública de Utah, revelou que a polícia conseguiu rastrear os movimentos do assassino, que teria chegado ao câmpus às 11h52 pelo horário local (14h52 em Brasília). Por meio das escadas, ele subiu até o telhado para a posição de tiro. Depois do atentado, ele caminhou até o lado oposto do prédio, saltou e fugiu pela vizinhança. Ainda segundo Mason, o suspeito "parece ter idade universitária" e estar bem adaptado ao local. As imagens capturadas no local mostram um homem com boné preto, óculos escuros e uma camiseta preta com estampa que parece ser a bandeira dos Estados Unidos. 

Agentes e peritos do FBI trabalham na cena do crime, onde o ativista conservador foi executado por um franco-atirador
Agentes e peritos do FBI trabalham na cena do crime, onde o influenciador de direita foi executado (foto: Patrick T. Fallon/AFP)

Trump confirmou que pretende comparecer ao funeral de Kirk no Arizona. "Eles pediram que eu fosse. Acho que tenho a obrigação", declarou. Durante a cerimônia em memória dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, o presidente referiu-se a Kirk como "gigante de sua geração" e "campeão da liberdade". Também avisou que planeja agraciar o aliado, de forma póstuma, com a Medalha da Liberdade. Horas depois, Trump chamou o assassino de "animal" e prometeu "lidar com ele de forma muito apropriada". Na noite de quarta-feira, o titular da Casa Branca culpou a esquerda pelo crime. "Durante anos, a esquerda radical comparou maravilhosos americanos como Charlie aos nazistas e aos piores assassinos e criminosos do mundo. Esse tipo de retórica é diretamente responsável pelo terrorismo que estamos presenciando", afirmou.

Pânico

Uma das principais testemunhas do assassinato, Justin Hicken estava a apenas 18m de Kirk. "Ele estava falando, quando, de repente, ouvi um tiro e suspiros entre a multidão. Vi muito sangue na região do peito e do pescoço de Charlie. O corpo dele tombou, e todos se jogaram no chão. Ficamos abaixados por cerca de um minuto ou um minuto e meio e não escutamos mais disparos. Foi uma cena muito feia, e ele parecia estar em uma situação muito ruim", relatou ao Correio, por meio da rede social X. "Havia entre 3 mil e 4 mil pessoas ali; em sua maioria jovens, mas também crianças e idosos." 

Imagem divulgada pelo FBI mostra "pessoa de interesse" na investigação sobre o ataque de quarta-feira
Imagem divulgada pelo FBI (a polícia federal dos EUA) mostra suposto atirador na universidade (foto: Getty Images/AFP)

Tiana Lao, 20 anos, estudante de marketing na Utah Valley University, contou ao Correio que chegou ao evento uma hora antes acompanhada da amiga Laura Lo, de mesma idade. "Charlie Kirk respondia à segunda pergunta, quando eu e minha amiga escutamos o disparo. Imediatamente, olhamos para o céu, pois era algo inacreditável. Não sabíamos se aquilo era real. Não percebemos a gravidade da situação até que vimos todos gritando: 'Abaixem-se! Abaixem-se!' e 'Corram!'. Todo mundo estava chorando, inclusive nós duas", relatou. "Eu e Laura começamos a correr em direção ao prédio. Alguém gritava: 'Ele foi baleado no peito!' e 'Ele foi baleado no pescoço!'. Eu me recordo de olhar para trás, em direção a Charlie Kirk, mas não sabia se ele tinha sido atingido, porque estava distante. Depois que entramos, nos trancamos em uma sala de aula."

Lao se considera independente, mas diz se inclinar para uma visão mais conservadora. "Eu apoiava algumas das opiniões de Charlie Kirk, mas nem todas. Fui até o evento porque gosto de ouvir ambos os lados da política e contribuir com um debate pacífico. Assisti a alguns dos vídeos de Charlie no passado e gostei de alguns fatos que ele apontou. Por isso, quis vê-lo em pessoa", acrescentou. 

James Naylor Green, historiador político da Universidade Brown (em Rhode Island), explicou à reportagem que Kirk era uma figura muito importante para os anseios do Partido Republicano. "Ele conseguia dialogar com a juventude e travava debates famosos com as pessoas de esquerda. Kirk era talentoso, cheio de energia e carismático. Foi uma base importante para mobilizar os jovens — um terço deles se opõe a Trump", disse. O especialista acredita que o impacto do assassinato sobre a conjuntura política americana dependerá da autoria do crime e das motivações. "Se o assassino tiver qualquer ligação com a esquerda, Trump usará isso para fortalecer sua política de combate a crimes e sua tentativa de militarizar a Guarda Nacional. Ele dirá que a esquerda promove violência e tem que ser atacada", comentou Green, que não descarta um aumento da polarização no país.

EU ESTAVA LÁ...

Tiana Lao, 20 anos, estudante de de marketing na Utah Valley University
Tiana Lao, 20 anos, estudante de de marketing na Utah Valley University (foto: Arquivo pessoal )

"Eu me lembro de que, quando me abaixei, fiquei aterrorizada com o pensamento sobre a possibilidade de um segundo tiro. Tentei proteger a minha amiga com o meu corpo. Eu não conseguia parar de chorar e de tremer. Cheguei uma hora antes, e não vi nenhum suspeito no telhado. Parecia um ambiente bastante pacífico. Jamais imaginaria que algo trágico assim ocorreria." 

Tiana Lao, 20 anos, estudante de de marketing na Utah Valley University

  • Agentes e peritos do FBI trabalham na cena do crime, onde o influenciador de direita foi executado
    Agentes e peritos do FBI trabalham na cena do crime, onde o influenciador de direita foi executado Foto: Patrick T. Fallon/AFP
  • Marcadores de evidências colocados sobre o telhado e a fachada de prédio, na cena do crime
    Marcadores de evidências colocados sobre o telhado e a fachada de prédio, na cena do crime Foto: Michael Ciaglo/Getty Images/AFP
  • Imagem divulgada pelo FBI (a polícia federal dos EUA) mostra suposto atirador na universidade
    Imagem divulgada pelo FBI (a polícia federal dos EUA) mostra suposto atirador na universidade Foto: Getty Images/AFP
  • Tiana Lao, 20 anos, estudante de de marketing na Utah Valley University
    Tiana Lao, 20 anos, estudante de de marketing na Utah Valley University Foto: Arquivo pessoal
  • Donald Trump homenageou Charlie Kirk durante cerimônia em alusão ao 24º aniversário do 11/9
    Donald Trump homenageou Charlie Kirk durante cerimônia em alusão ao 24º aniversário do 11/9 Foto: Saul Loeb/AFP
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postado em 12/09/2025 05:50
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