
Israel lançou neste domingo (19/10) uma nova série de ataques aéreos sobre a Faixa de Gaza, atingindo principalmente a cidade de Rafah, no sul do território, após acusar o Hamas de romper o acordo de cessar-fogo firmado há menos de duas semanas. O grupo palestino, por sua vez, negou envolvimento nos confrontos e acusou as Forças de Defesa de Israel (IDF) de “fabricar pretextos para justificar crimes de guerra”.
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De acordo com o Exército israelense, militantes do Hamas teriam disparado mísseis antitanque contra bases militares nas imediações da rota de ajuda humanitária em Rafah, matando soldados israelenses. Em resposta, a Força Aérea de Israel afirmou ter realizado “dezenas de ataques” contra túneis e supostas instalações militares do grupo palestino. Segundo a Defesa Civil de Gaza, ao menos 21 pessoas foram mortas nos bombardeios, além de dezenas de feridos e desaparecidos sob os escombros.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu anunciou ter ordenado “medidas enérgicas” contra alvos terroristas. “Após uma violação do cessar-fogo por parte do Hamas, ordenei uma ação firme e imediata em Gaza”, declarou em comunicado.
O Hamas, que controla a Faixa desde 2007, negou qualquer participação nas ofensivas e disse permanecer comprometido com o armistício. A organização também disse ter recuperado o corpo de mais um refém israelense, mas que só o entregaria “se as condições em campo permitirem”. “Reafirmamos nosso total compromisso em implementar tudo o que foi acordado, principalmente o cessar-fogo em todas as áreas da Faixa de Gaza”, afirmou a Brigada Ezzedine Al-Qassam, braço armado do grupo.
Acordo
A trégua, mediada pelos Estados Unidos e pelo presidente Donald Trump, foi firmada em 10 de outubro e previa a retirada parcial de tropas israelenses, a libertação de reféns e prisioneiros, e a entrada de ajuda humanitária. Desde então, ataques pontuais vêm sendo registrados em diversas regiões de Gaza.
Pelo acordo, Israel deveria controlar cerca de 53% da Faixa de Gaza, incluindo o estratégico Corredor Netzarim, e permitir a passagem de comboios humanitários. Mas após os confrontos em Rafah, o governo israelense suspendeu a entrada de ajuda no enclave. O gabinete de Netanyahu afirmou que a reabertura da passagem fronteiriça dependerá do cumprimento do Hamas em devolver os corpos dos reféns mortos e manter o cessar-fogo.
No sábado (18/10), Israel devolveu os corpos de 15 palestinos a Gaza, subindo para 150 o total de restos mortais entregues. O Hamas repassou 12 corpos de israelenses mortos e libertou todos os reféns sobreviventes.
Crise humanitária
Organizações internacionais alertam para o agravamento da situação humanitária em Gaza. O fechamento da passagem de Rafah, na fronteira com o Egito, interrompeu o fluxo de alimentos, medicamentos e combustível. “A decisão israelense colocará em risco milhares de vidas e atrasará a recuperação dos corpos sob os escombros”, afirmou um porta-voz do Hamas.
Desde o início da guerra, em outubro de 2023, 68.159 palestinos foram mortos, segundo o Ministério da Saúde administrado pelo Hamas, número considerado confiável pela ONU. A maioria das vítimas são mulheres e crianças. O ataque inicial do Hamas contra Israel, que deu início ao conflito, matou 1.221 pessoas, a maioria civis, de acordo com dados oficiais israelenses.
O ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, líder de extrema direita, pediu que o Exército “retome os combates com toda a força”. “A ilusão de que o Hamas cumprirá o acordo é perigosa para nossa segurança. O grupo deve ser completamente aniquilado”, afirmou.
O enviado especial dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff, deve chegar à região na próxima semana para tentar restabelecer o diálogo e monitorar o cumprimento da trégua.
*Com informações da Agência France-Press

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