GAZA

Israel acusa Hamas de romper cessar-fogo e retoma bombardeios em Gaza

Ao menos 21 palestinos morreram nos ataques aéreos deste domingo (19/10) em Gaza

Pessoas procuram abrigo após um ataque israelense que atingiu um edifício no campo de Bureij para refugiados palestinos, no centro da Faixa de Gaza, em 19 de outubro de 2025 -  (crédito: Eyad BABA / AFP)
Pessoas procuram abrigo após um ataque israelense que atingiu um edifício no campo de Bureij para refugiados palestinos, no centro da Faixa de Gaza, em 19 de outubro de 2025 - (crédito: Eyad BABA / AFP)

Israel lançou neste domingo (19/10) uma nova série de ataques aéreos sobre a Faixa de Gaza, atingindo principalmente a cidade de Rafah, no sul do território, após acusar o Hamas de romper o acordo de cessar-fogo firmado há menos de duas semanas. O grupo palestino, por sua vez, negou envolvimento nos confrontos e acusou as Forças de Defesa de Israel (IDF) de “fabricar pretextos para justificar crimes de guerra”.

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De acordo com o Exército israelense, militantes do Hamas teriam disparado mísseis antitanque contra bases militares nas imediações da rota de ajuda humanitária em Rafah, matando soldados israelenses. Em resposta, a Força Aérea de Israel afirmou ter realizado “dezenas de ataques” contra túneis e supostas instalações militares do grupo palestino. Segundo a Defesa Civil de Gaza, ao menos 21 pessoas foram mortas nos bombardeios, além de dezenas de feridos e desaparecidos sob os escombros.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu anunciou ter ordenado “medidas enérgicas” contra alvos terroristas. “Após uma violação do cessar-fogo por parte do Hamas, ordenei uma ação firme e imediata em Gaza”, declarou em comunicado.

O Hamas, que controla a Faixa desde 2007, negou qualquer participação nas ofensivas e disse permanecer comprometido com o armistício. A organização também disse ter recuperado o corpo de mais um refém israelense, mas que só o entregaria “se as condições em campo permitirem”. “Reafirmamos nosso total compromisso em implementar tudo o que foi acordado, principalmente o cessar-fogo em todas as áreas da Faixa de Gaza”, afirmou a Brigada Ezzedine Al-Qassam, braço armado do grupo.

Acordo

A trégua, mediada pelos Estados Unidos e pelo presidente Donald Trump, foi firmada em 10 de outubro e previa a retirada parcial de tropas israelenses, a libertação de reféns e prisioneiros, e a entrada de ajuda humanitária. Desde então, ataques pontuais vêm sendo registrados em diversas regiões de Gaza.

Pelo acordo, Israel deveria controlar cerca de 53% da Faixa de Gaza, incluindo o estratégico Corredor Netzarim, e permitir a passagem de comboios humanitários. Mas após os confrontos em Rafah, o governo israelense suspendeu a entrada de ajuda no enclave. O gabinete de Netanyahu afirmou que a reabertura da passagem fronteiriça dependerá do cumprimento do Hamas em devolver os corpos dos reféns mortos e manter o cessar-fogo.

No sábado (18/10), Israel devolveu os corpos de 15 palestinos a Gaza, subindo para 150 o total de restos mortais entregues. O Hamas repassou 12 corpos de israelenses mortos e libertou todos os reféns sobreviventes.

Crise humanitária

Organizações internacionais alertam para o agravamento da situação humanitária em Gaza. O fechamento da passagem de Rafah, na fronteira com o Egito, interrompeu o fluxo de alimentos, medicamentos e combustível. “A decisão israelense colocará em risco milhares de vidas e atrasará a recuperação dos corpos sob os escombros”, afirmou um porta-voz do Hamas.

Desde o início da guerra, em outubro de 2023, 68.159 palestinos foram mortos, segundo o Ministério da Saúde administrado pelo Hamas, número considerado confiável pela ONU. A maioria das vítimas são mulheres e crianças. O ataque inicial do Hamas contra Israel, que deu início ao conflito, matou 1.221 pessoas, a maioria civis, de acordo com dados oficiais israelenses.

O ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, líder de extrema direita, pediu que o Exército “retome os combates com toda a força”. “A ilusão de que o Hamas cumprirá o acordo é perigosa para nossa segurança. O grupo deve ser completamente aniquilado”, afirmou.

O enviado especial dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff, deve chegar à região na próxima semana para tentar restabelecer o diálogo e monitorar o cumprimento da trégua.

*Com informações da Agência France-Press

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postado em 19/10/2025 15:28
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