
Um grupo formado por especialistas da Organização das Nações Unidas (ONU) defendeu que o regime de Daniel Ortega e sua mulher (e vice), Rosario Murillo, seja julgado por crimes de lesa-humanidade ante a repressão "sistemática" na Nicarágua. Em 2018, a resposta das forças de segurança a protestos da oposição terminou em cerca de 300 mortos. Além de assumirem o poder absoluto, Ortega e Murillo cercearam as liberdades individuais e silenciaram a oposição. Nesta quinta-feira (30/10), os especialistas da ONU apresentaram uma denúncia inédita ante a Assembleia Geral.
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Um dos integrantes do painel, Reed Brody advertiu: "O governo Ortega-Murillo deve ser responsabilizado por suas violações sistemáticas dos direitos humanos e isso começa com o reconhecimento mundial de que a Nicarágua deixou de funcionar como um Estado de Direito". Ele instou a comunidade internacional a utilizar todos os mecanismos legais e diplomáticos disponíveis para garantir a punição do regime. "Isso inclui sanções específicas, processos internacionais e ações ante a Corte Internacional de Justiça", explicou ao Correio.
Ao mesmo tempo, Brody cobrou que os esforços se concentrem na proteção às vítimas e no apoio à sociedade civil nicaraguense. "Uma mudança duradoura deve vir por meio de um processo que restaure a justiça, a liberdade e o Estado de Direito. O que a Nicarágua mais precisa hoje é do fim da impunidade e do restabelecimento de instituições que protejam, em vez de perseguir seus cidadãos", disse.
De acordo com o especialista da ONU, desde 2018, o governo Ortega-Murillo tem realizado um ataque generalizado e sistemático contra qualquer pessoa considerada opositora. "Nossas investigações acharam evidências de crimes contra a humanidade, incluindo assassinatos, prisões, tortura, violência sexual e desaparecimentos forçados. Milhares de pessoas foram detidas arbitrariamente, centenas tiveram a nacionalidade cassada e outras foram forçadas ao exílio", afirmou Brody.
Félix Maradiaga — ex-preso político e principal líder da oposição — destacou ao Correio que os especialistas da ONU produziram relatórios "de altíssimo nível técnico e jurídico". "Uma das descobertas cita uma cadeia de comando hierárquica responsável por execuções extrajudiciais, detenções arbitrárias, tortura, violência sexual e perseguição política. No topo da estrutura repressiva, estão Ortega e Murillo, acompanhados por mais de 50 oficiais do Exército, da polícia e do aparato político da Frente Sandinista."

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