A troca de “farpas” entre Bruce Springsteen e Donald Trump ganhou um novo capítulo. Em entrevista à revista TIME, publicada na última semana de setembro, o ícone do rock norte-americano afirmou que o presidente dos Estados Unidos “deveria ser enviado para a lixeira da história”.
O músico, de 75 anos, não poupou críticas e defendeu que Trump deveria novamente enfrentar um processo de impeachment, citando inclusive a 25ª Emenda da Constituição americana, que prevê a remoção do cargo em casos de incapacidade para governar. “Ele é a personificação viva daquilo para o que foram feitos a 25ª Emenda e o impeachment”, declarou Springsteen à TIME. “Se houvesse coragem suficiente no Congresso, ele seria condenado à lixeira da história”, completou o cantor.
A fala, de tom contundente, reacende um embate antigo entre o cantor, conhecido por suas posições políticas progressistas e por retratar a classe trabalhadora em suas músicas, e o empresário republicano que governa os Estados Unidos desde 2017.
Springsteen já havia criticado Trump diversas vezes. Durante o primeiro mandato do republicano, o artista classificou o governo como “uma tragédia nacional” e chegou a compor canções sobre o clima de polarização vivido no país. Ele também se posicionou a favor de Joe Biden, participando de campanhas e eventos democratas.
Trump, por sua vez, respondeu na mesma moeda. Em declarações recentes, o presidente chamou o músico de “altamente superestimado” e afirmou que “nunca gostou de suas músicas”, numa tentativa de desqualificar o artista. Em publicações nas redes sociais, aliados de Trump acusaram Springsteen de “elitismo” e de estar “desconectado da América real”, uma retórica comum entre os apoiadores do presidente.
A fala do artista contra Trump foi publicada em uma reportagem da TIME sobre o novo álbum de Springsteen, “Deliver Me from Nowhere”, e sua visão sobre a política norte-americana contemporânea. Ao longo do texto, o artista reflete sobre o papel da arte em tempos de extremismo e cita a necessidade de “recuperar a alma do país”.
Além das críticas a Trump, o músico também teceu comentários sobre o Partido Democrata, dizendo que a legenda precisa aprender a se comunicar com o povo comum. “Há um abismo entre a linguagem política e o que as pessoas realmente vivem no dia a dia”, observou.
A expressão “lixeira da história” (ou trash heap of history, usada pelo cantor) é uma metáfora utilizada para designar figuras ou regimes que, segundo a opinião pública, fracassaram moral ou historicamente. Ao aplicar o termo a Trump, Springsteen o coloca no mesmo patamar de líderes considerados nocivos à democracia. A frase do cantor rapidamente viralizou nas redes e veículos de comunicação.
“O que me preocupa é ver um país que perdeu a capacidade de conversar consigo mesmo”, disse o artista. “A música ainda pode ser esse elo, um espaço de escuta, de reconciliação e de verdade”, completa.
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