Um ataque ao Hospital Saudita de al-Fashir, capital de Dafur do Norte, no Sudão, deixou mais de 400 mortos nesta semana, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Seis profissionais de saúde foram sequestrados.
A cidade, último reduto das Forças Armadas do Sudão na região, foi tomada pelas RSF, grupo rebelde que trava uma guerra civil contra o exército do país há mais de três anos. O número total de mortos desde que os rebeldes entraram na região varia entre 1.500 e 2.000 pessoas.
Segundo a OMS, pacientes e acompanhantes foram assassinados no hospital, o único em funcionamento em al-Fashir. Quatro médicos, uma enfermeira e um farmacêutico foram sequestrados pelos rebeldes no mesmo dia do ataque ao hospital.
“Mais de 260 mil pessoas permanecem presas em al-Fashir, praticamente sem acesso a alimentos, água potável ou assistência médica”, aponta o comunicado da organização.
O Conselho de Segurança da ONU condenou o ataque e afirmou que há “aumento do risco de atrocidades de grande escala, incluindo as de motivação étnica". A cidade está isolada da ajuda humanitária desde fevereiro, com casos de desnutrição e doenças como a cólera e a malária aumentando drasticamente.
O general Mohamed Dagalo, líder das RSF, negou o ataque ao hospital e afirmou, em discurso transmitido pelo Telegram, nessa quarta (29/10), que quer “a unidade do Sudão pela paz ou pela guerra”.
Imagens de satélite
O Laboratório de Pesquisa Humanitária de Yale (HRL) analisou imagens feitas por satélite da cidade de al-Fashir. Em relatório, a HRL apontou que há evidências de corpos humanos aglomerados na região, indicando “crimes de guerra e crimes contra a humanidade, podendo chegar ao nível de genocídio”.
Foram observados indícios de execuções nas proximidades do hospital e massacres “sistemáticos” em diversos pontos da cidade.
Crise de refugiados
Dados recentes das Nações Unidas apontam que, antes da guerra, viviam mais de um milhão de pessoas em al-Fashir. Atualmente, restam cerca de 177 mil civis no local.
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A periferia da cidade e de Tawila, a 70 quilômetros da região, receberam mais de 33 mil pessoas desde domingo. Cerca de 650 mil refugiados já estavam abrigados em Tawila, segundo a ONU.
A guerra civil no Sudão se tornou a maior pior crise humanitária do mundo, com 12 milhões de deslocados desde 2023, quando o conflito entre as RSF e as Forças Armadas do Sudão se iniciou. Grande parte dos refugiados são mulheres e crianças, segundo aponta a OMS.
