
Um político chamado Adolf Hitler Uunona, de 59 anos, está prestes a conquistar mais um mandato de conselheiro regional no pequeno distrito de Ompundja, no norte da Namíbia. Conhecido internacionalmente por carregar o mesmo nome do líder nazista, ele afirma que seu pai “não fazia ideia da importância histórica” de Adolf Hitler ao batizá-lo.
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Uunona deve manter a cadeira de vereador distrital nas eleições locais que ocorrem nesta quarta-feira (26/11), segundo projeções da Comissão Eleitoral da Namíbia. Em 2020, ele venceu com 85% dos votos, resultado que o tornou figura de interesse mundial. Membro do partido governista Swapo (Organização do Povo do Sudoeste Africano), de esquerda, Uunona foi eleito pela primeira vez em 2004 e reeleito em 2015 e 2020.
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A notoriedade de seu nome incomum tornou-se um tema frequente em entrevistas. Em 2020, ao jornal alemão Bild, Uunona explicou que cresceu acreditando que o nome fosse comum. “Meu pai provavelmente não entendia o que Adolf Hitler representava. Quando criança, eu o via como um nome totalmente normal”, revelou.
Ele afirma ter compreendido a dimensão histórica apenas na vida adulta. “Só quando cresci entendi que esse homem queria conquistar o mundo inteiro. Não tenho nada a ver com essas coisas”, esclareceu.
Chamado apenas de Adolf pela esposa e amigos próximos, o político costuma omitir o sobrenome Hitler em aparições públicas. Mesmo assim, ele garante que não pretende mudar de nome. “Está em todos os documentos oficiais. É tarde demais para isso”, avaliou.
A presença de nomes germânicos não é rara na Namíbia, país que foi colônia da Alemanha entre 1884 e 1915. Durante esse período, nomes europeus passaram a ser adotados por parte da população local.
O passado colonial também carrega marcas de violência. Entre 1904 e 1908, o Império Alemão cometeu um genocídio contra os povos Ovaherero e Nama, resultando na morte de cerca de 70 mil pessoas. A Alemanha reconheceu oficialmente o genocídio apenas em 2021, e as negociações sobre reparações seguem em andamento.
Mesmo após o fim da colonização, a influência alemã permaneceu forte em algumas regiões. Um artigo do New York Times, de 1976, relatava que descendentes de alemães ainda se cumprimentavam com a saudação nazista “Heil Hitler”. Em 2020, um carro circulou na região de Oshana com uma suástica e o nome “Adolf Hitler” no vidro traseiro, mas Uunona negou qualquer relação com o episódio.
Ao jornal The Namibian, após a vitória de 2020, ele reforçou seu distanciamento total do ditador. “Hitler foi uma figura controversa que capturou e matou pessoas em todo o mundo. Eu não sou como ele”, apontou.
Uunona também lembrou que não teve escolha sobre o nome. “Meu pai me deu o nome de Adolf Hitler, mas isso não significa que eu tenha o caráter de Adolf Hitler da Alemanha”, repetiu.

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