
Um dos últimos pedidos do papa Francisco foi que, depois de sua morte, o papamóvel que ele utilizava servisse às crianças palestinas da Faixa de Gaza. "Ele está pronto para ser usado em Gaza. Estamos apenas aguardando as permissões", contou ao Correio Peter Brune, secretário-geral da filial sueca da organização católica de ajuda humanitária Cáritas. O veículo, da marca Mitsubishi, passou por uma série de readaptações e foi apresentado, nesta terça-feira (25/11), em Belém (Cisjordânia), próximo à Basílica da Natividade, onde ficava a manjedoura de Jesus Cristo.
Depois de abençoar o papamóvel, o cardeal Anders Arborelius, bispo de Estocolmo, declarou: "O Veículo da Esperança está pronto para a nova missão". "Queremos que as crianças que atendermos se sintam vistas, ouvidas e protegidas. Os direitos e o bem-estar das crianças são prioridade."
"O carro foi reformado para prestar os primeiros socorros para as crianças de Gaza. Agora, possui uma geladeira, onde serão estocados os medicamentos. Haverá profissionais de saúde a bordo e, caso seja necessário um tratamento mais especializado, a criança será encaminhada para uma das dez clínicas que a Cáritas Jerusalém mantém em Gaza", explicou Brune.
De acordo com o secretário-geral da Cáritas na Suécia, a mensagem da doação do pontífice argentino falecido em 21 de abril passado é simples: "cada criança merece amor e atenção e ter seus direitos respeitados". "Isso combina muito com o espírito de Francisco. As crianças não são números, mas rostos. Como adultos, temos uma imensa responsabilidade para cuidar das crianças do mundo e fornecer-lhes sinais de esperança", disse. Brune acrescentou que um papamóvel adaptado, com a designação de "Veículo da Esperança", pode cumprir com esse papel. "Uma criança sentada na cadeira do papa deve ser tratada de acordo, com amor, respeito e como portadora de direitos e esperanças de uma vida digna."
Acesso urgente
A previsão é de que o papamóvel realize até 200 consultas por dia — entre elas, exames, diagnósticos e tratamentos, incluindo suturas, testes de infecção e vacinas. A reforma do veículo custou para o Cáritas cerca de US$ 15 mil (ou R$ 80.752) e foi feita por mecânicos palestinos. As laterais, antes abertas, foram cobertas com divisórias. "Como ocorre com toda a ajuda humanitária, precisamos urgentemente de acesso a Gaza", disse à agência France-Presse o secretário-geral da Cáritas, Alistair Dutton. "Estamos trabalhando através dos canais oficiais para conseguir isso o mais rápido possível", acrescentou.

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