
Os emissários de Donald Trump a Moscou ouviram nesta terça-feira (2/12) do presidente Vladimir Putin que a Rússia está a postos, caso tenha de responder a um ataque dos aliados europeus da Ucrânia. "Não temos intenção de ir à guerra com a Europa. Mas, se a Europa quiser, e se começar, estamos prontos", declarou Putin antes de receber no Kremlin o enviado especial da Casa Branca para o conflito na Ucrânia, Steve Witkoff, e com o genro de Trump, Jared Kushner, com quem discutiu por cinco horas o plano de paz que vem sendo costurado por Washington.
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"Os europeus se dizem excluídos das negociações, mas eles mesmos se afastaram", argumentou. "Eles não têm uma proposta de paz, estão do lado da guerra." O presidente russo se referia à recepção negativa dos aliados de Trump aos termos da versão inicial do plano, que contempla exigências de Moscou — em especial, a cessão de territórios por parte de Kiev e a garantia de que a Ucrânia não seja incorporada à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan, aliança militar ocidental).
Witkoff e Kushner levaram ao Kremlin uma nova versão da proposta, revista para contemplar as queixas de Kiev e dos governos europeus que apoiam o presidente ucraniano. Volodymyr Zelensky, de sua parte, disse esperar que as negociações em andamento resultem em uma solução definitiva, não apenas uma pausa nas hostilidades. "Nosso objetivo comum é pôr fim à guerra", afirmou. "É preciso uma paz digna." Uma delegação ucraniana deve se reunir nesta quarta-feira (3/12) com os emissários de Trump em Bruxelas, que abriga as sedes da Otan e da União Europeia, para informar sobre os resultados da reunião no Kremlin.
Avanços
A atividade diplomática se identifica em meio a avanços das tropas russas na frente de batalha, acompanhada pela retirada de civis ucranianos na região de Donetsk — uma das que Putin anexou unilateralmente à Rússia. De acordo com o centro de pesquisas norte-americano Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, em inglês), ao longo de novembro a Ucrânia perdeu mais 701km², o recuo mais significativo desde o mesmo mês de 2024.
A guerra, iniciada com a invasão russa, completa quatro anos em fevereiro de 2026. A ofensiva, que o Kemlin apresenta como uma "operação militar especial", deu a Moscou o controle quase completo das regiões ucranianas de Donetsk e Lugansk, além de porções importantes de Zaporizhia e Kherson. Nas declarações feitas antes da reunião com os emissários de Washinton, Putin reiterou que a Otan e os governos europeus devem "abandonar a ilusão" de impor à Rússia uma "derrota estratégica" e "voltar à realidade, com base na situação no terreno".

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