Guerra na Ucrânia

Zelensky admite que pode ceder territórios para Rússia

"Nossa posição é de que é justo ficarmos (cada um) nas posições que ocupa, ou seja, na atual linha de frente", disse Zelensky à imprensa em Kiev

Pela primeira vez desde a invasão russa, em fevereiro de 2022, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, admitiu ontem aceitar que Moscou a anexe ao menos parte do território que ocupa, na região do Donbass, no extremo leste do país. "Nossa posição é de que é justo ficarmos (cada um) nas posições que ocupa, ou seja, na atual linha de frente", disse à imprensa em Kiev.

Zelensky comentava uma versão atualizada que recebeu dos Estados Unidos para um possível plano de paz — "não um documento apenas, mas um conjunto deles", detalhou. Sobre a questão territorial, um dos pontos cruciais em negociação, admitiu pela primeira vez a ideia de fazer concessões em troca do fim do conflito. "Os russos querem o Donbass inteiro, mas nós, é claro, não podemos concordar com isso", ponderou. "Se um dos lados for recuar, por que a outra parte não pode faze o mesmo, na mesma extensão, na direção oposta?"

Como opção para um acordo, o presidente ucraniano acenou com a proposta dos EUA de estabelecer uma área de livre-comércio em porções das regiões de Donetsk e Lugansk das quais suas forças se retirarem. No processo de negociações mediadas pelos EUA, a Rússia se refere a isso como uma "zona desmilitarizada", e Zelensky reconhece que restam "questões sérias" a discutir. "Se parte das tropas vai se retirar mas parte vai ficar, o que impede que essas forças (russas) possam depois avançar novamente?", argumentou.

Negociações

O presidente ucraniano passou em revista as discussões que manteve em Londres, no início da semana, com o premiê Keith Starmer, o presidente da França, Emmanuel Macron, e o chanceler (chefe de governo) da Alemanha, Friedrich Merz. Abordou também as conversações relatadas pelos emissários que se reuniram em Washington com o enviado especial da Casa Branca para a Ucrânia, Pete Hegseth, e o genro do presidente Donald Trump, Jared Kushner. Os dois estiveram em Moscou para negociar diretamente com o presidente Vladimir Putin.

Funcionários europeus informaram à norte-americana CNN que uma delegação ucraniana deverá ir a Paris, no fim de semana, para uma nova rodada de negociações. Zelensky insiste em que as partes devem chegar ao menos a um acordo provisório antes que seja possível adotar um cessar-fogo. Mas indicou que Washington espera um "entendimento completo" em torno do plano de paz proposto por Trump "até o Natal".

 


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