Direitos humanos

'Maioria dos executados pela Arábia Saudita é pobre', diz ativista

Taha Al-Hajji, advogado de sentenciados à pena capital e diretor jurídico da Organização Saudita Europeia pelos Direitos Humanos (ESOHR), afirma ao Correio que a Arábia Saudita executou 347 pessoas em 2025, um número sem precedentes

Ativistas dos direitos humanos denunciaram um número recorde de execuções de prisioneiros, por parte da Arábia Saudita, desde o início dos registros. Diretor jurídico da Organização Saudita Europeia pelos Direitos Humanos (ESOHR), Taha Al-Hajji afirmou ao Correio que, em 2024, o país havia realizado 345 execuções, número recorde e sem precedentes. "Até agora, neste ano, o reino saudita continua a quebrar recordes, com 347 execuções, a mais recente delas, neste domingo (21/12). Isso confirma a abordagem sangrenta e brutalidade frenética do governo, bem como o seu desprezo pela vida humana e o desrespeito a todas as normas internacionais", denunciou.

Segundo Al-Hajji, as estatísticas mostram que a maioria das execuções envolveu crimes não considerados "gravíssimos", como assassinato premeditado. "A maior parte estava relacionada a acusações envolvendo drogas ou a questões políticas. Essas execuções incluíram o assassinato de dois menores por acusações políticas, bem como a execução de um jornalista saudita devido às suas postagens no Twitter (X). Cinco mulheres também foram executadas", afirmou o ativista. A Arábia Saudita ocupa a terceira posição no ranking global de pena de morte — atrás apenas da China e do Irã em número de execuções.

"Tudo isso confirma a contradição entre ações e palavras; o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman declarou mais de 11 vezes a jornais internacionais que está trabalhando arduamente para reduzir o número de execuções na Arábia Saudita e limitá-las apenas aos casos mais graves. No entanto, a realidade e os números provam o contrário: os números continuam a aumentar. A Arábia Saudita é um estado opressor governado por um ditador", disse Al-Hajji.

Ainda de acordo com o advogado e ativista saudita exilado na Alemanha, a maioria das vítimas das execuções é de "gente simples e pobre, que tentou contrabandear drogas por uma necessidade financeira". "É impressionante que os grandes traficantes, que lucram milhões, permaneçam impunes. Além disso, há casos de assassinato e crimes políticos. Essas três categorias são as mais prevalentes." 

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