O principal partido pró-Exército de Mianmar afirmou que conquistou uma vitória esmagadora na primeira fase das eleições organizadas pela junta militar.
Organizações pró-democracia alertaram que a eleição consolidaria a junta militar que assumiu o poder com o golpe de Estado de 2021, apesar da promessa de devolver o poder ao povo com o pleito iniciado no domingo.
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"Conquistamos 82 cadeiras na Câmara Baixa nos municípios onde a apuração foi concluída, de um total de 102", declarou à AFP um dirigente do Partido da União, Solidariedade e Desenvolvimento (PUSD).
O partido venceu nos oito municípios da capital, Naypyidaw, acrescentou a fonte, que pediu anonimato por não estar autorizada a revelar oficialmente os resultados.
Nas eleições anteriores, em 2020, o PUSD foi derrotado pela Liga Nacional para a Democracia (LND) de Aung San Suu Kyi, que foi dissolvida após o golpe de Estado e não aparecia nas cédulas de votação de domingo.
A vencedora do Nobel da Paz permanece detida desde o golpe, que desencadeou uma guerra civil.
Ativistas, diplomatas ocidentais e o chefe de direitos humanos da ONU condenaram as eleições, citando a repressão a dissidentes e uma lista de candidatos repleta de aliados dos militares.
"Sempre mentem"
A Comissão Eleitoral de Mianmar não divulgou resultados oficiais do pleito, que terá duas fases adicionais, em 11 e 25 de janeiro.
"Minha opinião sobre as eleições é clara: não confio nelas de forma alguma", afirmou nesta segunda-feira Min Khant, morador de Yangon.
"Vivemos em uma ditadura", disse o jovem de 28 anos. "Mesmo que organizem eleições, não acho que vão trazer nada de bom, porque sempre mentem".
O golpe de 2021 reverteu os resultados das eleições do ano anterior, vencidas por ampla maioria pela LND de Suu Kyi.
O chefe da junta militar, Min Aung Hlaing, afirmou no domingo que "estas são eleições livres e justas". "Foram organizadas pelos militares, não podemos permitir que nossa reputação seja manchada", acrescentou.
As eleições de domingo estavam previstas em 102 dos 330 municípios do país. Com o país em guerra, o Exército reconheceu que a votação não poderia acontecer em quase 20% das circunscrições da Câmara Baixa.
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