opinião

Visão do Correio: A inflação assusta

O estrago no poder de compra é enorme, e muita gente é obrigada a tirar do cardápio diário produtos básicos

Nada é mais danoso para as famílias, sobretudo as menos favorecidas, do que a inflação em alta. O estrago no poder de compra é enorme, e muita gente é obrigada a tirar do cardápio diário produtos básicos, como o arroz, o feijão e a carne. Infelizmente, a velha senhora voltou a assombrar os brasileiros. Dados coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,96% em julho, a maior alta para o mês em 19 anos, e acumula quase 9% em 12 meses. Um quadro preocupante.

O risco de a inflação sair do controle é grande, admite o Banco Central. Não por acaso, o Comitê de Política Monetária (Copom) pisou no acelerador no início deste mês e elevou a taxa básica de juros (Selic) em um ponto percentual, de 4,25% para 5,25% ao ano. A preocupação é tamanha que a instituição se comprometeu com um novo aumento de um ponto percentual nos juros em setembro, mas não está descartado um aperto ainda maior. O BC está certo. A meta de inflação para 2021 é de 3,75%, com teto de 5,25%. Ou seja, o IPCA acumulado em 12 meses é quase o dobro do máximo tolerável.

A inflação alta desarranja a economia. E, apesar da pronta ação do Banco Central, o governo tem parte importante de culpa pela disparada dos preços. Há vários fatores que estimulam reajustes, um deles, o dólar. A moeda norte-americana está subindo porque os investidores estão assustados com a crise política provocada pelo chefe do Executivo. Temendo um rompimento institucional, correm para a divisa dos Estados Unidos como proteção. Outro fator que impacta o dólar é o risco fiscal. Nas últimas semanas, o Ministério da Economia vem rasgando o compromisso com o equilíbrio das contas públicas.

Há, ainda, o forte impacto da crise hídrica, que, ressalte-se, vem sendo muito mal administrada pelo Executivo. O resultado disso está nas contas de luz, que, em média, ficaram 7,9% mais caras em julho. Para completar, os combustíveis registram uma sequência de reajustes. A partir de hoje, a Petrobras eleva em 3,5% o valor da gasolina nas refinarias, alta que será imediatamente repassada para as bombas dos postos. Também no caso dos combustíveis, o dólar contribui negativamente.

O presidente Jair Bolsonaro encaminhou nesta semana ao Congresso uma Medida Provisória mudando o nome do Bolsa Família para Auxílio Brasil. Também está propondo um aumento de pelo menos 50% no valor do benefício, o que pode levá-lo para quase R$ 300. O objetivo é ter um programa social para chamar de seu durante a campanha à reeleição em 2022. De nada, porém, adiantará o aumento do programa se a inflação continuar alta. O reajuste será corroído sem dó. Os que hoje dependem da ajuda governamental continuarão no sufoco, muitos na miséria, passando fome.

Portanto, está mais do que na hora de o presidente descer do palanque, deixar as crises de lado e investir toda a sua energia no que realmente é necessário, como garantir um ambiente de negócios tranquilo e um ajuste fiscal consistente, o que será de grande valia para o Banco Central. O país não aguenta mais um novo surto inflacionário.

 

 

Sr. Redator

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Day after
Só posso supor que o presidente da República enfrenta graves problemas de saúde. Provavelmente, por questões de segurança nacional, o diagnóstico da enfermidade está sendo mantido em segredo — por 100 anos, obviamente. Por que escrevo isso? No day after de mais uma derrota no Congresso, quando os deputados rejeitaram o seu projeto jurássico de substituir as urnas eletrônicas por voto impresso, ele afirma que perdeu 12 milhões de votos nas eleições de 2018, apesar de reconhecer que não tem provas para sustentar a sua declaração — algo alucinógeno de um persistente. A meu ver, alguma moléstia está afetando gravemente as faculdades mentais do chefe do Executivo. Talvez, ele devesse ser submetido a uma avaliação logística do general Eduardo Pazuello para recolocá-lo entre as coordenadas geográficas da lucidez, permitindo que identificasse com mais clareza a realidade nacional. Quem sabe se um coquetel de medicamentos preventivos da covid-19 não melhoraria seu estado mental e o devolveria ao tempo atual? Ele deveria aproveitar o tempo que lhe resta no Palácio do Planalto para pelo menos não expor ao ridículo o país e os seus correligionários de caserna. O que tem feito até agora é reforçar o estereótipo em relação ao Brasil, rotulado como República de Bananas.
Alfredo Gonzaga, Jardim Botânico

 

Inocência
Lendo a entrevista com o ex-procurador da República, peço todas as vênias para discordar, quanto à referência ao povo. Data máxima vênia, o excelentíssimo senhor, com o devido respeito, está fazendo uma leitura incorreta, no respeitante aos anseios da sociedade benfazeja. Se o ilustre entrevistado, comparar os conceitos expressos pela população, junto às instituições defendidas por ele, com as que não têm a sua simpatia, irá, com certeza, rever suas posições. Se há crimes, não são praticados por sua excelência o presidente da República, mas, sim, pelos outros Poderes, como se constata recorrentemente. As manifestações de apoio ao chefe do Executivo não nos levam a análises outras.
Jivanil Caetano de Farias, Jardim Botânico

 

Urnas
O ministro Barroso abriu o jogo: “Eleição não se vence, se toma”. Para tomar uma eleição, nada melhor do que urnas DRE inauditáveis e contagem secreta dos votos, sistema no qual um hacker atuou durante todo o ano de 2018, provando ao TSE que ele não é confiável nem seguro. Agora, é de se perguntar: se Bolsonaro tomar a eleição, o ministro Barroso vai aceitar? Ou vai obrigá-lo a vencer a eleição?
Roberto Doglia Azambuja, Asa Sul

 

Projeto Brasil
A Câmara está votando alterações na legislação eleitoral e partidária. Tudo a toque de caixa, sem ouvir a sociedade, para que tudo já valha no ano que vem. O que se anuncia, como o Distritão, que não existe em lugar nenhum, seria desastroso. Infelizmente falta liderança política no país, o presidente só pensa na reeleição e o Centrão aprova o que quer. Não devemos desacreditar do país e da política por causa desta conjuntura adversa e temos de ter cautela com campanhas que só apontam pontos negativos e pregam o fechamento do Congresso. Principalmente se quem se beneficiaria dessas medidas drásticas forem políticos que pertencem ao Centrão nos últimos 30 anos e que, ao chegar ao governo, deram a membros desse grupo todo poder, como dirigentes legislativos, líderes do governo, ministros etc. Embora boa parte de nossos políticos seja ruim, isso se deve aos sistemas eleitoral e partidário que adotamos durante décadas: voto proporcional, com coligações e sem barreiras. Esse sistema perpetua o parlamentar sem compromisso e sem controle do eleitor, pois a cada eleição pode buscar voto em outro lugar; viabiliza o deputado parasita, eleito com votos de outros e permite a criação irresponsável de partidos. Isso pode ser mudado para melhor, com cláusula de barreira e fim das coligações, já para as eleições de 2022 e a aprovação do voto distrital e do fim da reeleição para cargo executivo para as eleições seguintes. O país tem jeito, desde que se priorize o Brasil e não interesses eleitorais.
Ricardo Pires, Asa Sul

 

CPI da Covid
O depoimento do dirigente da Vitamed deixou claro uma nova variedade de mentira: o fake fact, ou o falso fato. É similar à modalidade do fake news que usa de uma verdade para fabricar uma falsidade. Nesse caso, o fato era a existência do remédio Ivermectina que foi usado para produzir a mentira que Ivermectina curava a covid. A finalidade? Ganhar dinheiro, apenas isso. Agora, é investigar quem mais lucrou com esse fake fact, além da empresa farmacêutica.
Sylvain Levy, Asa Norte

Desabafo

Pode até não mudar a situação, mas altera sua disposição

Paulo José: mais um artista brilhante que se despede dos brasileiros.
Maria José Fonseca — Asa Norte

 

Regina Duarte poderia ter desfilado em cima dos blindados. Afinal, ela é a rainha da sucata!
Ricardo Santoro — Lago Sul

 

Debate sobre transparência eleitoral sufocado no parlamento. Desrespeito ou desconsideração?
José Matias-Pereira — Lago Sul

 

Os espasmos golpistas do presidente debilóide, têm muita fumaça e pouco voto de confiança constitucional, conforme derrota do voto impresso.
Eduardo Pereira — Jardim Botânico

 

Os bolsominions estão convidados para uma cerimônia ecumênica em memória do Voto Impresso, no próximo dia 18, diante do Palácio do Planalto.
Joaquim Honório — Asa Sul