Visto, lido e ouvido

Polítcos seguem loteando e descaracterizando a cidade

Circe Cunha
postado em 11/12/2021 06:00

Com a aprovação agora de mais um polêmico PL criando cinco lotes na parte Oeste do Eixo Monumental, a Câmara Legislativa do Distrito Federal reafirma a tese, há muito levantada por esta coluna, de que a representação política, nos moldes como foi constituída aqui na capital, nos anos de 1990, veio para confundir os brasilienses, onerar os cofres públicos locais e, de quebra, promover um processo perverso e lento de descaracterização urbana, por meio da transformação de imensas áreas públicas em moeda de troca política.

Com isso, esses senhores com assento na Câmara Legislativa vão, a cada legislatura e a cada projeto aprovado, arruinando o que ainda resta de qualidade de vida da população local, dentro e fora da área tombada pela Unesco, que classificou Brasília como Patrimônio Cultural da Humanidade.

Desde os primeiros dias de atuação desses representantes locais, essa coluna já vinha alertando os leitores para o perigo que a capital corria por deixar entregue nas mãos de políticos afoitos, sem apreço pela cidade e sem conhecimento técnico, assuntos sérios e delicados envolvendo questão urbana e de arquitetura.

De lá para cá, o que se viu foi uma enxurrada de projetos aprovados, de forma marota e em total desacordo com as boas práticas do urbanismo, provocando um verdadeiro caos na cidade.

Grandes áreas, inclusive de proteção ambiental, passaram a ser loteadas do dia para a noite, num esquema conhecido como "um voto, um lote". Com isso, ao que se assistiu foi um gigantesco processo de crescimento populacional que acabaria por congestionar todos os serviços públicos, trazendo para a capital problemas urbanos que muitos brasilenses só conheciam por meio de noticiário.

Desde sempre, também chamamos a atenção para o risco que áreas verdes e não edificantes existentes por toda a cidade, e que são partes fundamentais e complementares de todo o processo arquitetônico, passariam a correr sob o olhar interesseiro desses políticos.

Em conluio com empreiteiros gananciosos, deu no que deu. O que esses distritais não compreendem é que os espaços vazios existentes em nossa singular cidade não estão lá ao acaso. Foram propositalmente criados para harmonizar espaços cheios e vazios da mesma forma que, em uma sinfonia, existe o som e o silêncio.

Para esses senhores e seus padrinhos, nessa missão de destruir o projeto original da cidade, as áreas verdes devem ser todas elas alienadas o quanto antes. Se nada for feito, áreas de monumentos, áreas verdes não edificantes vão ser mais um rasgo no projeto da capital do Brasil.

 


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