LITERATURA

Lembranças especiais nesta véspera de Natal

Ler é tudo de bom. Hoje, se estiver em dúvida qual presente dar para uma criança, lembre-se que um livro é sempre uma boa opção

Roberto Fonseca
postado em 24/12/2021 06:00 / atualizado em 24/12/2021 08:51
 (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
(crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

Ela foi uma das primeiras autoras com quem tive contato no mundo das letras. Premiada, com mais de 100 livros publicados no Brasil e em mais de 17 países, a escritora tem como marca a leveza nos textos infantis, com uma musicalidade incomum, e o estilo desafiador nas obras voltadas para o público adulto. Falo da carioca Ana Maria Machado, que completa 80 anos nesta véspera de Natal.

Não a conheço pessoalmente, mas, em 2008, tive a oportunidade de acompanhar uma palestra dela na Feira do Livro ao lado da minha filha, Cecília, à época com 6 anos. Durante cerca de duas horas, encantou a todos ao contar histórias, como se inspirou para criar personagens, e o desafio de ter sempre um texto cativante para o público infantil. Afinal, a paixão pela leitura tem que começar cedo, não é mesmo?

Tenho recordação especial por dois livros de Ana Maria Machado. O primeiro é Bisa Bia, Bisa Bel. Uma história que rememora o passado e imagina um futuro melhor de uma garotinha ao criar um relacionamento imaginário com a bisavó e, a seguir, com sua futura bisneta. Lembro-me do livro com carinho porque quando li era muito apegado ao meu avô, Pedro, responsável pela minha paixão pelo futebol e pelo Vasco da Gama. Sinto enormes saudades daqueles fins de tardes, quando chegava da escola e ficávamos ouvindo, pelas ondas do rádio, notícias do futebol carioca. Café e pão torrado eram obrigatórios naquela resenha diária. Vovô nos deixou em 1995 — e a nostalgia volta com tudo no Natal.

Outro livro especial é Bento que bento é o frade. A obra foi escrita no ano que nasci, em 1977. O título faz referência ao nome de uma brincadeira que, em alguns lugares do Brasil, é chamada de boca do forno. Brincando, a protagonista — que não gostava de ser mandada e acreditava que podia fazer tudo o quisesse — aprende sobre a importância do convívio em sociedade, sempre em busca do dialógo e do amadurecimento de ideias. Em tempos de tão grande polarização política, como a que vivemos hoje no Brasil, é uma leitura mais que atual. Ouvir um argumento contrário é sempre válido. Só nos faz bem como pessoa.

Ler é tudo de bom. Hoje, se estiver em dúvida qual presente dar para uma criança, lembre-se que um livro é sempre uma boa opção. Ela pode ficar de cara virada, na expectativa de um brinquedo, mas saberá depois agradecer.

Feliz Natal!

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação