Como esperado, a Anvisa aprovou a imunização de crianças de 5 a 11 anos contra a covid-19. Uma excelente notícia. Mas, desde então, autoridades públicas trabalham contra, como, aliás, têm feito em relação a todas as recomendações da ciência para o enfrentamento da pandemia — responsável pela morte de mais de 600 mil brasileiros. A tentativa é de atrapalhar, ao máximo, o acesso de meninos e meninas à proteção que a vacina oferece.
Imunizar crianças é urgente, ainda mais agora, com o surgimento da variante ômicron, mais transmissível. Apesar de a maioria delas ficar assintomática ou ter sintomas leves quando infectadas pelo novo coronavírus, há uma parcela significativa que desenvolve a forma grave da doença, inclusive com morte. Desde o início da pandemia, foram 1.449 vítimas com até 11 anos, segundo informações da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid-19 (CTAI), com dados atualizados até 6 de dezembro. Desse número, 301 óbitos aconteceram na faixa etária de 5 a 11 anos.
Além disso, a CTAI informou que houve 1.412 casos confirmados de síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica ( SIM-P) associada à covid-19 em crianças e adolescentes de até 19 anos, com 85 mortes. Entre os sintomas dessa síndrome estão febre persistente, pressão baixa, conjuntivite, manchas no corpo, diarreia, dor abdominal, náuseas, vômitos e comprometimento respiratório.
As ameaças a crianças, portanto, são reais. Infelizmente, com todos os obstáculos que têm sido colocados, a imunização delas ainda vai demorar mais um pouco, mas ocorrerá, com certeza. Nem que seja com intervenção judicial.
E quando a campanha for iniciada, leve suas crianças para receberem a dose. Não dê ouvidos a negacionistas, a criminosos que disseminam notícias falsas. O imunizante é seguro e eficaz, como atestam as principais agências reguladoras dos Estados Unidos e da Europa, entre outras.
Li, nesta semana, a dolorosa declaração de Valkíria dos Santos, do Guarujá (SP), que perdeu a filha Ana Luísa, 8 anos, no último dia 12, vítima da covid-19. "Creio que, se ela tivesse tomado (a vacina), poderia ter pego, mas não desse jeito. Seria fraco, e não tão agressivo do jeito que foi", lamentou, ao G1. Ela também fez um apelo: "Tem de liberar essas vacinas para as crianças". Valkíria perdeu a filha dela, mas tantas outras mães não precisam passar pelo mesmo sofrimento, quando a proteção já existe.
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