ERROS EM SÉRIE

Selvageria sem fim nos estádios: até quando?

Várias falhas chamam a atenção na realização do jogo entre Gama X Brasiliense, no Mané Garrincha, marcado por pancadaria generalizada entre integrantes de torcidas organizadas

Roberto Fonseca
postado em 28/01/2022 06:00 / atualizado em 28/01/2022 11:55
 (crédito: Reprodução)
(crédito: Reprodução)

Vergonhoso. É o mínimo que se pode dizer sobre o que ocorreu no estádio Mané Garrincha na noite de quarta-feira. Logo no começo da temporada 2022, uma pancadaria generalizada provocou a interrupção da partida entre Brasiliense e Gama, pela segunda rodada do campeonato candango. As cenas amplamente divulgadas nas redes sociais são horrorosas, com as pessoas, entre as quais muitas crianças, tendo que entrar em campo para se proteger da selvageria dos criminosos — não são torcedores.

Várias falhas chamam a atenção. A primeira delas: em um momento que os casos de covid-19 estão em alta, como permitir torcedores no estádio? Se as pistas de dança, por exemplo, estão proibidas em bares, restaurantes e boates para tentar frear o avanço da pandemia no Distrito Federal, como é possível liberar a aglomeração de pessoas em um jogo de futebol? Quem estava lá relatou que não era exigido nenhum comprovante de vacinação. Ninguém pensou nisto antes?

O segundo erro: há um grave histórico de confrontos entre as organizadas de Gama e Brasiliense. É sabido que eles não se enfrentam apenas nos estádios e arredores, mas também no metrô e bares — lembram da emboscada em Vicente Pires? Então, se num estádio que cabem mais de 60 mil pessoas, como os organizadores não conseguem separar os 300 — número estimado — de cada lado? Ninguém pensou nisto antes?

O terceiro ponto é em relação à Polícia Militar. De acordo com o Guia de Recomendações para Atuação das Forças de Segurança Pública em Praças Desportivas, lançado pelos ministérios da Justiça e do Esporte, é responsabilidade da PM verificar se a segurança privada está em número adequado em relação ao público, bem como manter o policiamento do local do evento. Houve a vistoria? O número de seguranças foi considerado suficiente? Ninguém pensou nisto antes?

Entra ano e sai ano e o Mané Garrincha, também conhecido como Estádio Nacional de Brasília, segue sendo palco da violência nas arquibancadas. Em agosto de 2013, presenciei, ao lado da minha filha, que à época tinha 10 anos, uma das maiores brigas ocorridas na arena candanga. Integrantes de organizadas de Corinthians e Vasco se enfrentaram em rede nacional de televisão durante o intervalo. Patético, deprimente, de embrulhar o estômago de quem defende a vida pacífica em sociedade. E o pior: o exemplo anterior não serve para evitar o próximo. Ninguém nunca pensa nisso antes.

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