Enquanto escrevo, ainda esperamos por resposta. E temo que essa resposta demore a chegar: afinal, onde estão o jornalista Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira? O que aconteceu com eles? Devemos insistir: não há espaço para a desistência enquanto há angústia.
Ouço os relatos sobre a trajetória corajosa desses dois homens que ousaram desafiar os perigos de uma floresta conflagrada, sofrendo com os desmandos e a omissão das autoridades. Ouço os apelos desesperados das famílias. Ouço as cobranças dos artistas e dos jornalistas por buscas, providências, notícias. Ouço a voz dos defensores da Amazônia reverberando aqui e lá fora.
Não há nem deve haver silêncio quando se trata da maior reserva de verde e vida do planeta, quando se trata daqueles que estavam a serviço da humanidade, mapeando a devastação. Dom e Bruno, vocês não estão sozinhos, nem estarão, embora esta seja uma luta para os bons e fortes — e, sabemos, há muita gente ruim neste pedaço de mundo chamado Brasil.
A Amazônia não sofre sozinha. Todos nós somos reféns dos ataques seguidos à floresta. Também por isso todos nós somos responsáveis pela defesa inconteste desse ecossistema tão rico e poderoso. Assim como devemos ser protetores de quem está na linha de frente da batalha contra a invasão dos territórios indígenas, o desmatamento acelerado e criminoso, o tráfico de drogas, os garimpos que contaminam os rios e criam fendas, feridas que jamais fecham.
São tantos os crimes contra a Amazônia que é difícil listar. Mas a omissão e o desdém diante do que acontece lá são ainda mais criminosos. Dom Phillips e Bruno Pereira trabalhavam por nós e pelos povos originários da floresta quando desapareceram. A demora nas buscas e o pouco empenho no resgate são indícios de uma barbárie que já conhecemos: a opção livre e arbitrária de entregar a Amazônia ao crime.
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