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Artigo: Relações árabe-brasileiras, perspectivas promissoras

 Flag of Brazil
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brasil bandeira -  (crédito: Reprodução/Freepik)
Flag of Brazil brasil bandeira bandeira brasil brasil bandeira - (crédito: Reprodução/Freepik)
Qais Shqair
postado em 27/03/2023 06:00

QAIS SHQAIR - Embaixador, é chefe da Missão da Liga Árabe no Brasil

As relações árabe-brasileiras são históricas e diferenciadas em todos os campos. No plano político, é preciso mencionar o papel bem-recebido do Brasil desempenhado em todas as questões árabes, especialmente no que concerne à Causa Palestina.

A presença da diplomacia brasileira, na edição da Resolução nº 181 da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 1947, é uma inconteste demonstração desse apoio. A resolução pedia o estabelecimento de dois Estados, palestino e israelense, e é a base sobre a qual todos concordam hoje para resolver o conflito na região (a solução de dois Estados), exceto Israel.

Com plena confiança no apoio do Brasil aos fundamentos da legitimidade internacional e ao respeito às regras do direito internacional, cremos que o compromisso de implementar as resoluções das Nações Unidas e as relacionadas ao fim da ocupação israelense aos territórios palestinos é a única saída para o encerramento do ciclo de violência que sangra corações todos os dias. Os atos de violência que estamos testemunhando nos territórios palestinos ocupados não representam o problema em si, mas a ocupação que os causaram.

Os países árabes veem da presença política do Brasil, com participação não permanente no Conselho de Segurança da ONU, ao lado dos Emirados Árabes Unidos, como fonte de apoio para as questões árabes, para que contribua na resolução das crises que se espalharam por vários países árabes.

Os países árabes e o Brasil compartilham o apego aos princípios da solução pacífica ao longo de suas histórias, evidenciado no carinho da sociedade brasileira, que recebeu de braços abertos as ondas de imigração árabe, cujos integrantes tanto colaboraram e participaram de forma ativa com sua criatividade nos diversos setores da vida brasileira.

Assim como as visitas mútuas entre as duas regiões são ininterruptas há décadas, e nos níveis mais elevados, sendo a mais recente as duas viagens do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro a vários países árabes do Golfo, e a visita realizada pelo seu vice, general Hamilton Mourão, ao Egito.

Vale ressaltar que o Brasil tem direito legítimo de representar a América Latina no Conselho de Segurança da ONU quando o curso da reforma das Nações Unidas for concluído. Além disso, o Brasil é o fundador da Cúpula América do Sul —Países Árabes (Aspa), proposta pelo presidente Lula da Silva em 2003, em que o Brasil sediou sua primeira versão em 2005, que teve como resultado a "Declaração de Brasília", que, seguida pela Declaração de Doha em 2009, e depois pela Cúpula de Riad em 2015, que despertou o interesse pelo aspecto cultural nos projetos de cooperação.

Por seu lado, a possibilidade de expansão do Brics com a adesão de seis países árabes (Argélia, Egito, Arábia Saudita, Emirados, Bahrein e Iraque) terá um impacto significativo na ampliação do horizonte de cooperação entre os países árabes e o Brasil.

No entanto, sabemos da dimensão das relações econômicas existentes entre os países árabes e o Brasil, que se desenvolvem a cada dia nas áreas de intercâmbio comercial, investimentos conjuntos e todas as outras ligadas a cooperação. O volume de fluxo comercial entre os países árabes e o Brasil no ano passado foi de cerca de US$ 33 bilhões, o Brasil exportou para os países árabes o equivalente a US$ 17,718 bilhões e importou um total de US$ 15 bilhões, de modo que os países árabes ocupam o terceiro lugar na lista de parceiros comerciais.

Nesse sentido, para uma parceria estratégica, o secretário-geral da Federação das Câmaras de Comércio Árabes havia apresentado há cerca de três anos para altos funcionários permitindo a seleção dos principais portos do Mar Mediterrâneo para construir cidades industriais conjuntas (joint ventures), diluindo o problema da distância geográfica que separa os países árabes do Brasil.

Em conclusão, o intercâmbio cultural entre os dois lados deve ser uma prioridade, investindo na presença ativa de brasileiros de origem árabe na sociedade brasileira através do ensino das línguas árabe e portuguesa, artes e literatura, relembrando o passado em comum e olhando para a frente com amplos horizontes que enriquecem a cultura de ambos os lados com conhecimento e sabedoria.

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