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poliomielite

Artigo: O alerta para o Brasil

Campanha da gotinha, fundamental, tem adesão menor desde 2015 -  (crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Campanha da gotinha, fundamental, tem adesão menor desde 2015 - (crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
postado em 27/04/2023 06:00

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) fez um alerta sobre o imenso perigo que ronda o Brasil: entre 2019 e 2021, 1,6 milhão de crianças não receberam nenhuma dose da vacina contra a poliomielite, a chamada paralisia infantil. Nesse período, a mesma quantidade de meninos e meninas também não foi imunizada com a DTP, contra difteria, tétano e coqueluche. Os dados estão no relatório "Situação Mundial da Infância 2023: para cada criança, vacinação", divulgado na semana passada.

O levantamento do Unicef também mostra que houve queda de 10 pontos percentuais na percepção do brasileiro sobre a importância e a confiança nas vacinas. Antes da pandemia, 99,1% confiavam nos imunizantes para crianças. Esse número baixou para 88,8% após a crise sanitária.

Entre os motivos para a desconfiança, estão as fake news, o movimento antivacina, os ataques à ciência e a postura criminosa de autoridades públicas que, nos últimos quatro anos, ora partiam para a ofensiva contra os imunizantes, ora emitiam sinais dúbios a respeito deles. Por consequência, faltaram campanhas massivas em prol da imunização. Outros fatores foram a pandemia da covid-19 e a impressão, de parte da população, de que as doenças não oferecem mais perigo.

É estarrecedor que o Brasil tenha chegado a esse ponto. Justamente um país que sempre foi exemplo de vacinação, agora deixa crianças correrem risco de sofrer com sequelas graves e irreversíveis ou até de perderem a vida por doenças evitáveis. Repito: doenças evitáveis, para as quais há proteção, e gratuita.

O Unicef pede ao governo brasileiro que, em curto e médio prazos, invista na ampliação das coberturas vacinais em todos os estados e municípios, em um esforço conjunto "para que todas as cidades retomem o patamar de mais de 95%, recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS)". Também destaca a urgência de se "encontrar e vacinar cada um dos 1,6 milhão de crianças que ficaram para trás e não receberam nenhuma vacina contra a pólio ou a DTP, entre 2019 e 2021, e também aquelas que perderam outras vacinas do calendário ou estão com doses atrasadas".

Felizmente, a nova gestão do Ministério da Saúde colocou a imunização como prioridade. Com o Movimento Nacional pela Vacinação — conjunto de ações lançado em fevereiro —, a pasta busca recuperar a confiança da população nas doses e retomar a cultura da imunização. É missão que cabe a todos nós atender a esse chamamento, levando crianças e adolescentes para serem protegidos. Aproveitemos para colocar em dia nossos próprios cartões de vacina. A mobilização de todo o país tem o poder de evitar uma tragédia.

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