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Copa do Mundo Feminina

Artigo: Copa dá bom dia ao Vietnã

A versão feminina do torneio de futebol da Federação Internacional de Futebol (Fifa) prega a inclusão

Huynh Nhu, jogadora da Seleção do Vietnã -  (crédito: Divulgação/VFF)
Huynh Nhu, jogadora da Seleção do Vietnã - (crédito: Divulgação/VFF)
postado em 21/07/2023 06:00

A Copa do Mundo Feminina está em cartaz na Austrália e na Nova Zelândia com boas histórias para contar. Uma delas tira do fundo do baú um filme de 1987 do diretor Barry Levinson: Good morning, Vietnam! (Bom dia, Vietnã!). Se você jamais assistiu, segue uma breve sinopse do movie de 121 minutos.

"Saigon, 1965. Adrian Cronauer (Robin Williams) vai para o sudeste da Ásia para trabalhar como DJ na Rádio Saigon, operada pelo governo americano. Em contraste com os tediosos locutores antecessores, Cronauer é dinâmico e inicia sempre as transmissões com um sonoro e vibrante 'Bom Dia, Vietnã!', tocando músicas reprovadas pelos bitolados superiores. As piadas contadas no programa provocam a indignação de Steven Hauk (Bruno Kirby), o superior imediato. O chefe tenta sabotá-lo.

Por que citei o filme? Atuais campeões da Copa, os Estados Unidos estreiam hoje contra o Vietnã, às 22h (de Brasília), no Eden Park, em Auckland, capital da Nova Zelândia. Recordista de títulos na versão feminina do torneio da Fifa com quatro troféus em oito edições, a trupe de Megan Rapinoe é tão favorita quanto o Exército do país dela na Guerra do Vietnã. No entanto, a história registra um dos maiores vexames bélicos norte-americanos. Há 50 anos, as últimas tropas de combate deixavam a nação de 331.212km² e 100 milhões de habitantes com a cara da derrota.

O Vietnã é estreante na Copa. Os homens jamais conseguiram ir além das Eliminatórias. As mulheres, sim. Quando a seleção comandada por Mai Duc Chung entrar em campo, hoje, às 8h de Hanoi (22h de Brasília), o Galvão Bueno da tevê de lá bem poderiam lembrar o histórico personagem de Robin Williams e saudar o respeitável público com um sonoro: Bom dia, Vietnã!

Os EUA levam o jogo muito a sério. O técnico macedônio Vlatko Andonovski ordenou acesso restrito às redes sociais. Contato apenas com a família. O plano é manter o foco no penta no quarto continente diferente. Os títulos anteriores foram na Ásia, Europa e América. Falta fincar a bandeira na Oceania e na África no tabuleiro da Batalha Naval.

A Copa do Mundo Feminina prega inclusão. A maior felicidade do povo do Vietnã vai além do futebol. O país costuma ser lembrado nas Copas do Mundo como fornecedor de mão de obra barata. O nome do país aparece nas etiquetas de uniformes fornecidos por multinacionais de material esportivo: "Made in Vietnam". Hoje, os trabalhadores sentirão orgulho de serem representados dentro das quatro linhas lideradas pela Marta delas — a atacante Huynh Nhu, 31 anos, camisa 9 e dona da braçadeira de capitã. Não há mais Vietnã do Norte e do Sul como naquela guerra em que os Estados Unidos tentaram intervir.

Em tempos de paz, a Copa dará bom dia ao Vietnã. Deixará a vida um pouquinho mais leve, como tentou fazer Adrian Cronauer (Robin Williams) nas telas do cinema. A vida imita a arte.

 


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