Azerbaijão

Análise: os próximos passos da relação Baku-Brasília

Primeira eleição presidencial da história realizada em todo o Azerbaijão reuniu 790 observadores de 89 países, acompanhados de 216 jornalistas estrangeiros de 109 veículos de comunicação

Embaixador Elchin Amirbayov sinaliza os pontos que devem aproximar o Brasil e o Azerbaijão nos próximos anos -  (crédito: Roberto Fonseca/CB/D.A.Press)
Embaixador Elchin Amirbayov sinaliza os pontos que devem aproximar o Brasil e o Azerbaijão nos próximos anos - (crédito: Roberto Fonseca/CB/D.A.Press)

O contraste é a marca da capital do Azerbaijão. As ruas estreitas e de pedras portuguesas, com construções do século 19, se entrelaçam com largas avenidas e carros de luxo. Prédios antigos típicos da extinta União Soviética ficam ao lado de modernos arranha-céus. A cidade é um canteiro de obras. Há empreendimentos em andamento por todos os lados. O dinheiro do petróleo e do gás natural trouxe muita riqueza e investimentos para Baku.

Nesta semana, o Azerbaijão atraiu os olhares da comunidade internacional. A primeira eleição presidencial da história realizada em todo o país reuniu 790 observadores de 89 países, acompanhados de 216 jornalistas estrangeiros de 109 veículos de comunicação. Os representantes brasileiros, os senadores Carlos Viana (Podemos-MG) e Nelsinho Trad (PSD-MS), elogiaram a transparência e o crescente aumento na participação de mulheres e jovens. Lá, o voto não é obrigatório.

Em contraponto, os 335 observadores enviados pela Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) criticaram a falta de alternativas e a ausência de vozes críticas ao presidente Ilham Aliyev, reeleito com mais de 92% dos votos. Embora seis candidatos tenham participado da disputa, ressalta a OSCE, "nenhum deles desafiou as políticas do atual presidente, deixando a população sem outra possibilidade genuína de escolha". A existência de uma oposição ferrenha e crítica é uma marca das principais democracias. Sem dúvida, essa é uma questão a se aprimorar. Jornalistas azerbaijanos mostravam-se curiosos em saber de nós latinos, no caso, Brasil, Argentina e Uruguai, como é trabalhar em uma nação com "imprensa livre".

No fim do ano, Baku estará novamente no centro das discussões mundiais. Vai sediar a COP29, a cúpula do clima da Organização das Nações Unidas. E aqui entra o papel do Brasil, afinal, em 2025, será a vez de Belém, com a COP30. Em conversa ontem com o embaixador Elchin Amirbayov, um dos principais conselheiros de Aliyev, abordamos como o país do Cáucaso pretende se relacionar conosco neste e nos próximos anos.

Inicialmente, é esperado um aumento nas transações comerciais entre as duas economias. Fertilizantes e a indústria aérea são as duas áreas com grande expectativa de bons negócios para os dois lados. O governo azerbaijano também vê o Brasil como um importante aliado na comunidade internacional, principalmente nas discussões em relação ao tratado de paz com a Armênia, após o fim da guerra na região de Nagorno-Karabath.

Mas será com as duas COPs que deve ocorrer a maior interação entre os países. Delegações visitantes são esperadas tanto lá quanto cá. Debates sobre a transição dos combustíveis fósseis, base da economia azerbaijana, para a renovável, grande aposta brasileira, devem se tornar mais frequentes. Vamos ouvir muito falar de Baku nos próximos meses. Está apenas no início.

 


Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br

postado em 09/02/2024 06:00 / atualizado em 16/02/2024 11:12
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação