Política internacional

Artigo: Os despautérios de Trump

O retorno à Casa Branca representa um perigo não apenas para as instituições norte-americanas, mas para a humanidade

Casa Branca, Washington
     -  (crédito: Reprodução/Freepik/Sharon Housley/DejaVu Designs)
Casa Branca, Washington - (crédito: Reprodução/Freepik/Sharon Housley/DejaVu Designs)

Daqui a 267 dias, caso o processo eleitoral norte-americano siga o curso atual, o mundo enfrentará novo pesadelo. Uma provável vitória de Donald Trump nas urnas — no caso de as pesquisas se confirmarem e não ocorrer um "cataclisma" — significará a falência absoluta da democracia dos Estados Unidos. A mesma ameaçada de morte pelo próprio Trump, que colocou-lhe uma adaga contra a garganta ao incitar a insurreição em 6 de janeiro de 2021 e ao tentar reverter os resultados das urnas, em 2020. Trump, o jogador sem limites, insiste em voltar à mesa para seguir com sua campanha de ataques.

O retorno à Casa Branca representa um perigo não apenas para as instituições norte-americanas, mas para a humanidade. Alvo de processos na Justiça, que vão desde a tentativa de manipular as eleições até fraudes nas declarações de renda para ocultar os ativos de suas empresas e suborno a uma ex-atriz pornô com quem teve um relacionamento extraconjugal, Trump parece não ter limites. O ego do tamanho do Monte Everest e a certeza da impunidade são elementos perigosos quando atingem o cargo mais poderoso do mundo.

Na noite do último sábado, o republicano cometeu novo despautério. Durante comício na Carolina do Sul, contou que foi perguntado por um presidente de uma grande nação se os EUA protegeriam aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) que não estivessem adimplentes com as contribuições de defesa. Trump alegou que sua resposta foi negativa e garantiu que, inclusive, iria encorajar a Rússia, de Vladimir Putin, a atacar países aliados de Washington nessa situação de atraso nas contribuições.

É claro, não demorou para que a Otan, a União Europeia, a França e a Alemanha reagissem com fortes críticas ao magnata. Especialistas na aliança militar ocidental me contaram que os desatinos de Trump mostram que ele seria um risco à estabilidade e à segurança do planeta, caso retornasse à Casa Branca. Também me asseguraram que Trump não ganhará as eleições.

O problema, porém, está na fanatização do eleitorado conservador — um processo que ocorre também no Brasil. É a mesma ladainha: Trump é visto quase como uma divindade injustiçada e vítima de eleições que consideram parciais. Por outro lado, Joe Biden terá 86 anos ao fim de um eventual novo mandato. Algumas gafes e lapsos de memória têm aumentado a desconfiança do eleitorado. Trump não tem um adversário capaz de intimidá-lo. Dentro do partido, Nikki Haley, ex-embaixadora na ONU, parece longe de impulsionar sua campanha. Entre os democratas, talvez um bom nome fosse Michelle Obama, mas a ex-primeira-dama descartou a vida política. Enfim, os EUA dependem do bom senso do eleitor para salvarem a si mesmos e ao mundo. 

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postado em 14/02/2024 06:00
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