Editorial

Visão do Correio: Atraso perigoso na agenda climática

Os próximos dois anos "são essenciais para salvar o planeta", advertiu o secretário executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas

Aquecimento Global -  (crédito: Caio Gomez)
Aquecimento Global - (crédito: Caio Gomez)

Os países desenvolvidos e os em desenvolvimento, como o Brasil, precisam correr contra o tempo para colocar em prática medidas capazes de conter a emissão de gases de efeito estufa. Os próximos dois anos "são essenciais para salvar o planeta", advertiu o secretário executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. A redução das emissões à metade é essencial para impedir que a temperatura do planeta não ultrapasse 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais, iniciados 180 anos atrás.

O alerta da ONU foi direcionado aos líderes dos países, empresários e bancos de desenvolvimento, uma vez que nem todas as nações desenvolvidas estão cumprindo os compromissos climáticos assumidos na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2009 (COP15) — que deveria substituir o Protocolo de Kyoto, mas teve um desfecho frustrante para cientistas, ambientalistas e diplomatas. Nos últimos 15 anos, 19 das 34 nações com uma economia desenvolvida não cumpriram os compromissos assumidos em 2009 até 2020, antes até do famoso Acordo de Paris.

A falha foi constatada pelos pesquisadores da Universidade College London, no Reino Unido, e da Universidade de Tsinghua, na China. O estudo inédito avaliou as emissões, a partir de um método baseado no consumo de produtos industrializados cuja produção implica emissões de carbono (CO²) e outros gases de efeito estufa. Por meio do sistema de crédito de carbono, o país pode produzir mercadorias que liberam gases de efeito estufa ou instalar uma das suas indústrias em outro continente. Dessa forma, fica supostamente isento de ser o emissor dos gases que contribuem para o aquecimento global.

A estratégia pode até beneficiar nações empobrecidas, para as quais a cobertura vegetal seja um patrimônio ambicionado pelos países mais ricos, porém carentes de recursos naturais que absorvam os gases de impacto na temperatura do planeta. Mas não significa uma contribuição concreta em favor da vida no planeta, menos ainda o cumprimento dos compromissos assumidos nas COPs realizadas.

A solução passa pela transferência de tecnologias a fim de que os países mais pobres não aumentem as emissões de gases. "Países com baixas emissões e baixos rendimentos também precisam ser capazes de continuar a fazer crescer suas economias", diz Jing Meng, principal autora da pesquisa.

Os eventos climáticos extremos têm sido indicadores de que o planeta exige uma mudança no comportamento humano em relação ao meio ambiente. Dão provas frequentes de que estão em curso fenômenos que podem comprometer a vida terrestre.

Embora o Brasil não seja citado no estudo, por ser um país em desenvolvimento, tem enorme importância pelo seu patrimônio natural no desafio de conter o aquecimento do planeta, o que o favorece na transição para fontes limpas de energia. Hoje, o país se destaca pela expansão da energia eólica, solar e elétrica. A produção de biocombustível também é outro trunfo nacional, que se concilia com a redução gradual do consumo de combustível fóssil, um dos vilões da emissão de gases de efeito estufa

Não à toa, atualmente, há uma preocupação cada vez maior de preservar os recursos naturais a partir de ações contra atividades predatórias, como desmatamento, queimadas, garimpagem em áreas de reserva e de preservação ambiental; de supressão de fontes hídricas que comprometam as bacias hidrográficas e cursos d'água; bem como de integridade dos povos originários e tradicionais, reconhecidamente guardiões desses patrimônios do Brasil. Tais políticas se revelam indispensáveis para qualidade de vida no país e enorme contribuição contra o aquecimento global.

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postado em 18/04/2024 06:00
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