ARTIGO

Luta contra o negacionismo

Todos nós temos de trabalhar juntos, atendendo sempre às convocações feitas pelas autoridades de saúde. Só assim, poderemos vencer os negacionistas que persistem por aqui ou ganham voz pelo mundo.

Nós não costumamos nos atentar para o fato de que, graças aos espetaculares avanços da ciência no desenvolvimento de vacinas, estamos blindados contra uma série de doenças. Os benefícios dos imunizantes são colossais. Evitam de dois a três milhões de mortes por ano, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Também eliminam ou reduzem o risco de contrair enfermidades perigosas ou de evoluir para quadros graves. E com pesquisas e investimentos, a ciência continuará na busca por defesas contra males que ameaçam a humanidade, parte deles potencialmente letais. Esse progresso que alcançamos dia a dia tem de ser protegido a todo custo.

Na contramão das evidências científicas, detratores das vacinas se insurgem contra investimentos em pesquisas e programas de imunização. Estamos vendo o que tem ocorrido nos Estados Unidos, com cortes de financiamentos e alegações sobre insegurança de imunizantes — um fortalecimento da bandeira antivacina. Ofensiva que pode ter consequências devastadoras para todo o planeta.

Por aqui, a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) emitiu nota, na quinta-feira, sobre a gravidade da "série de declarações falsas a respeito da vacinação", feitas pelo presidente norte-americano. Recentemente, ele associou o autismo à aplicação de imunizantes na infância. A entidade é enfática: "Inúmeros estudos comprovam que não há relação entre nenhuma vacina e o transtorno do espectro autista".

Na última segunda-feira, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, conclamou a reação dos países das Américas ante cortes em programas de vacinação e de pesquisas, "um retrocesso para a ciência, uma ameaça à vida", conforme enfatizou durante participação virtual no 62º Conselho Diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).

O titular da Saúde destacou que o Brasil vai "continuar a defender as vacinas, a ciência e os sistemas públicos de saúde". E seguirá a atuar no desenvolvimento regional para a produção de imunizantes, em cooperação com instituições e empresas das Américas e do mundo.

Segundo ele, "nada impedirá o Brasil de agir diante do negacionismo". Nós sabemos bem o que uma gestão que refuta a ciência pode causar a um povo. Vimos a mortandade na pandemia, quando o país estava sob um governo que zombava da ciência, espalhava desinformação e emitia sinais dúbios sobre as vacinas. Houve mais de 700 mil mortes por aqui.

Vacinas são seguras e eficazes, atestadas por autoridades de saúde do mundo inteiro. No Brasil, estão ao alcance de todos, gratuitamente. E ao contrário do doloroso passado recente, temos um governo que se mostra empenhado em levar essa proteção à população. Ontem, o Ministério da Saúde lançou a Campanha Nacional de Multivacinação, voltada ao público de até 15 anos que está com a caderneta desatualizada. A ação começa na segunda-feira e prosseguirá até o dia 31. Todos nós temos de trabalhar juntos, atendendo sempre às convocações feitas pelas autoridades de saúde. Só assim, poderemos vencer os negacionistas que persistem por aqui ou ganham voz pelo mundo. 

 

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