Saúde do DF ganha mais de 6 mil profissionais durante a pandemia

Profissionais efetivos e temporários foram contratados pelo GDF e passaram a fazer parte do quadro da saúde do Distrito Federal

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postado em 22/07/2021 16:52 / atualizado em 20/08/2021 10:36
 (crédito: drazen_zigic)
(crédito: drazen_zigic)

O Distrito Federal ganhou mais 6 mil novos profissionais de saúde desde o início da pandemia de covid-19, os dados são da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES/DF). O aumento de profissionais informados pela pasta foi devido às necessidades apresentadas pela pandemia do novo coronavírus. “Os profissionais contratados atuam nos hospitais acoplados, em todos os hospitais Regionais e Unidades de Referência Distrital, além do SAMU e das UPAS. Os profissionais foram convocados a partir de concursos públicos vigentes da SES/DF e dos Processos Seletivos Emergenciais para contratação temporária,” explicou a pasta em nota.

Dentre os profissionais contratados para atuar na linha de frente da pandemia, Leandro dos Santos Quaresma, de 31 anos, é um dos enfermeiros que acompanha a luta diária dos pacientes que se tratam nos hospitais públicos da capital. “Decidi me candidatar para trabalhar na linha de frente pois vi como uma oportunidade de trabalhar e ter mais experiência, pois o mercado de trabalho sempre exige mais, além de poder contribuir com o que já sabia para ajudar todos que estavam contaminados por algo que ainda era desconhecido,” conta.

O técnico de enfermagem já passou pelo Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), considerado o segundo maior hospital do DF, e atualmente está lotado no Hospital de campanha instalado no Autódromo Internacional Nelson Piquet, inaugurado no dia 14 de maio. Ao compartilhar sua experiência e rotina enfrentada no último ano, não economiza elogios aos colegas de profissão que enfrentam os desafios de uma doença causada por um vírus até pouco tempo desconhecido. “Meus colegas deram o sangue desde quando isso começou e ainda continuam a todo vapor, muitos sempre fazem além do que é exigido pois lidamos diariamente com vidas. Temos medo até de ficar doentes e acabar sobrecarregando uns aos outros. A nossa rotina é muito pesada, tudo muito corrido, basta segundos para aquele paciente não estar mais entre nós, então, como o vírus é muito rápido, temos que ser mais rápido do que ele,” explica.

Desde os primeiros casos registrados de contaminação pelo vírus da covid-19 no Distrito Federal, no dia 13 de março de 2020, a evolução diária de casos confirmados provocou mudanças na estrutura da cidade. O governo teve que se mobilizar para aumentar estruturas que pudessem atender e evitar o maior número de mortes possíveis. Segundo a Secretária de Saúde, apenas no ano passado foram nomeados 4.211 profissionais de saúde, além de outros 1.443 profissionais contratados indiretamente para os hospitais de campanha. Este ano, mais 435 profissionais de saúde temporários foram chamados, totalizando mais de 6 mil profissionais contratados direta e indiretamente desde o início da proliferação de contágios. “Há previsão de uma nova convocação, desta vez mais 435 profissionais de saúde temporários, que estão aguardando a conclusão e a convocação do novo processo seletivo,” informou a pasta responsável.

Segundo a Secretaria de Saúde do DF, a maioria dos profissionais contratados neste último ano foram lotados na linha de frente, com exceção dos profissionais administrativos, que foram lotados na sede da SES/DF (Administrador, Contador, Analista de Sistema) para atuação nos processos de aquisição de insumos, equipamentos e serviços para fortalecimento da assistência à saúde. Ao ser questionada a respeito das contratações, a pasta informou que “ao longo de todo o ano de 2020, foram feitas 24 publicações no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF), referente a convocação dos profissionais de saúde efetivos e temporários. Em 2021, foram 10 publicações no DODF. Nos hospitais de campanha foram feitas contratações por parte das empresas contratadas com gestão global.”

Os profissionais que passaram a ocupar cargos nos serviços de saúde da capital foram das carreiras Médicas, Enfermeiros, Especialistas em Saúde (Farmacêuticos, Fonoaudiólogos, Psicólogos, Administradores, entre outros), Técnicos em Saúde (Técnico em Enfermagem, Técnico de Laboratório, entre outros) e Agentes Comunitários de Saúde e de Vigilância Ambiental em Saúde. “Os candidatos nomeados nos concursos públicos efetivos, têm o prazo de 30 dias para tomar posse no cargo, conforme previsto na Lei 840/2011. Os candidatos convocados nos processos seletivos temporários, tem o prazo de cinco dias úteis para apresentação da documentação admissional e assinatura do contrato de trabalho,” alertou a pasta.

Além dos profissionais que atuam diretamente com a saúde dos pacientes, foram feitas 4.069 contratações de servidores no Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IGESDF) para atuação nas UPAS, hospitais de Santa Maria e de Base para enfrentamento à covid-19.

 

A estrutura da saúde no DF

A rede de saúde pública da capital é composta por um hospital de alta complexidade, 10 hospitais gerais, um materno infantil, um psiquiátrico e o Hospital de Apoio. Integram ainda a rede o Hospital da Criança através de convênio. “Temos ainda os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), central de Radiologia, policlínicas, centro de especialidades odontológicas, Centro Especializado na Saúde da Mulher, Centro de Orientação Médico psicopedagógico, unidades básicas de saúde dentre outros serviços,” destaca a administração responsável.

Na pandemia, a gestão planejou o reforço da rede e acatando a determinação do Governador Ibaneis Rocha contratou temporariamente 400 leitos de suporte ventilatório (100 primeiros no Mane Garrincha em 2020 e 100 leitos no Gama, 100 na Ceilândia e 100 no autódromo). Além desses foram criados 200 duzentos leitos de retaguarda para pacientes covid-19 em unidades acopladas ao Hospital Regional de Ceilândia (HRC) e Hospital Regional de Samambaia (HRSAM) com 100 leitos em cada. Essas unidades são geridas pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES/DF) e, segundo a pasta, continuarão a integrar a rede de saúde após a pandemia.

Veja aqui os endereços das UBSs do DF


Cuidados com o coronavírus devem continuar

Apesar dos esforços dos profissionais de saúde e da mobilização do GDF em expandir a estrutura do sistema de saúde da capital, é importante relembrar que a pandemia ainda não acabou e que os cuidados de prevenção ainda são necessários. Utilizar a máscara de proteção, manter o distanciamento social, os cuidados de higiene, lavar as mãos ou fazer uso de álcool em gel são ações que ainda devem estar presentes no cotidiano de todos. Além disso, ficar atento às chamadas para vacinação e não deixar de tomar as duas doses do imunizante quando estiver dentro da faixa etária convocada.

(foto: Correio Braziliense)

Segundo dados estatísticos que monitoram a situação da pandemia na capital, a média móvel de casos de contaminação do DF tem diminuído, no entanto continuam altos. Apenas entre os dias 7 a 20 de julho foram registradas mais 7.995 contaminações. O total de casos da doença registrados no Distrito Federal até o fechamento desta matéria foi de 442.703 pessoas infectadas e 9.501 mortes

O enfermeiro Leandro faz ainda um apelo à população, “a pandemia ainda não acabou, nós, profissionais de saúde, estamos dando o nosso melhor, mas precisamos do apoio de vocês. Todos precisamos continuar nos cuidando e manter nossas orações. Nós, que trabalhamos todos os dias com essa doença, ainda tememos em levar o vírus para nossos familiares e por isso estamos ainda sofrendo. Alguns colegas se sentem culpados pelos familiares que faleceram mesmo não tendo certeza se foram eles que levaram o vírus, eles carregam esse fardo agora da dor. Então, vamos todos juntos aumentar os cuidados para que isso passe logo e saiamos deste pesadelo o quanto antes. Já surgiram até novas variantes que podem até estar mais fortes, os cuidados não podem parar.”

Escrito por: Sarah Paes

Covid-19: por que é importante tomar a segunda dose da vacina

Completar o ciclo de vacinação é importante para aumentar os anticorpos contra o vírus da covid-19 e diminuir a transmissão comunitária da variante Delta no DF. A capital possui 54 pontos de vacinação disponíveis para tomar a segunda dose do imunizante

 (crédito: Geovana Albuquerque / Agência Saúde)
crédito: Geovana Albuquerque / Agência Saúde

Completar a imunização contra a covid-19 é um dos passos para que a pandemia causada pelo novo Coronavírus, o Sars-CoV-2, chegue ao fim. Apesar de o ritmo da vacinação ter se acelerado durante as últimas semanas na capital, quase sete meses depois da primeira pessoa vacinada no Distrito Federal, o grau de imunização coletiva ainda está no caminho de ser alcançado e muitas pessoas que tomaram a primeira dose das vacinas não voltaram aos postos para completar a proteção contra o vírus. Tomar apenas uma dose nos esquemas vacinais que exigem dose dupla de vacinação (usada em todas as vacinas, exceto a do laboratório norte-americano Janssen, de dose única) pode colocar em risco não apenas a vida de uma pessoa, mas de muitos ao seu redor.

“O indivíduo que toma apenas uma dose não recebe o reforço, atingindo uma proteção menor e por menos tempo, sobretudo contra as formas graves e críticas da doença”, afirma a médica Dra. Lívia Gomes, referência técnica distrital em infectologia da Secretaria de Saúde do DF. Com isso o impacto não é apenas individual, mas também coletivo. “Com mais pessoas sem a imunização completa, haverá maior facilidade para manutenção da transmissão do vírus, sobretudo de cepas virais mais agressivas - variantes de preocupação (VOC)”, explica a médica que ainda adverte a população a respeito da alta transmissibilidade da variante Delta. 

No último final de semana, em três dias de mutirão, o DF registrou recorde de vacinação. A capital vacinou 135 mil pessoas. Até o final desta terça-feira (27/07), foram registrados o total de 1.265.625 pessoas que já tomaram a primeira dose da vacina contra a covid-19 em Brasília. Deste total, 479.762 pessoas completaram o esquema de vacinação tomando as duas doses da vacina. O total de pessoas que tomaram a vacina de dose única foi de 50.858 pessoas. Os dados do número de vacinados na capital são atualizados diariamente pela Secretaria de Saúde, para saber basta consultar o Vacinômetro, que é atualizado todos os dias às 19h30. Clique na imagem para ver a atualização:

Vacinometro
Vacinometro (foto: GDF)

Segundo a pasta responsável pela saúde do DF, na capital não é preciso agendar para tomar a segunda vacina. “Basta comparecer ao posto de vacinação na data marcada no cartão, quando da aplicação da primeira dose. É preciso apresentar o cartão onde está registrada a data de aplicação da primeira dose e o fabricante da vacina”, afirmou em nota. O atendimento do público que já tem reforço previsto no cartão de vacinação ocorre em 54 postos (clique aqui para acessar endereços).

 

A importância da 2ª dose

Um fato que comprova a importância de tomar a segunda dose da vacina é a queda do número de mortes por idosos e a diminuição do número de pacientes com a forma grave da doença. Segundo a médica infectologista do Hospital de Base (HBDF), designada pela Secretaria de Saúde para atuar em ações de prevenção, quadro clínico e casos suspeitos de Coronavírus no DF, “houve expressiva redução no número de pacientes acometidos com formas graves e críticas, consequentemente de internações e de óbitos, principalmente entre os mais idosos que já conseguiram completar o esquema de duas doses”.

Questionada sobre a taxa de transmissão do vírus e como avalia a evolução da vacinação em Brasília, a Secretaria informou que vem registrando queda nas internações de idosos nas UTIs voltadas ao tratamento do covid-19. “Até o início de julho, todas as faixas etárias acima de 60 anos apresentaram queda nas internações a partir do mês de maio. Em pouco mais de cinco meses a SES-DF vacinou mais de 100% da população com mais de 70 anos com a primeira dose, percentual que foi ultrapassado com a imunização no DF de pessoas de outros estados. A redução (de casos e mortes) está diretamente associada ao início da vacinação”, respondeu a pasta.

A proteção gerada contra o Sars-CoV-2 pela vacinação é normalmente medida por anticorpos. Segundo experimentos recentes, cientistas constataram maior número de anticorpos em vacinados com a segunda dose de imunizantes contra a covid-19 do que em infectados. A pesquisa foi apresentada no início do mês de julho no 31° Congresso Europeu de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas (ECCMID).

 

Ação e intervalo entre vacinas

No Brasil, atualmente estão disponíveis e licenciadas vacinas de quatro fabricantes, elas são de três tipos: Vírus inativado (Coronavac), Vetor viral (Astra Zeneca e Janssen) e vacinas de RNAm (Pfizer). “Um dos princípios da imunização é a indução da memória imunológica. Quando o indivíduo recebe uma vacina, o sistema imunológico é ativado, gerando células de memória. Estas células são responsáveis em proteger o indivíduo, caso infectado pelo vírus de verdade, provocando uma resposta imunológica ainda mais intensa, mais rápida e específica do que aquela desenvolvida na ocasião da vacina”, explica a Dra. Lívia.

Com exceção da vacina da Janssen, que é de dose única, cada uma delas possui um intervalo cientificamente testado de melhor eficácia comprovada após se tomar a segunda dose. “Os estudos realizados para as demais vacinas foram feitos com aplicação de duas doses, portanto a eficácia prometida só é atingida com o esquema completo de duas aplicações. A segunda dose aumenta a proteção e ajuda a prolongá-la”, conta a Dra. Lívia. 

 

(foto: Correio Braziliense)

 

Síndrome pós-covid

Com a contaminação do vírus Sars-CoV-2, muitos pacientes podem desenvolver sequelas ocasionadas pela doença. Vítimas da covid-19 geralmente têm capacidade respiratória limitada e necessitam de equipe especializada para acompanhamento. Após o número elevado de casos, o GDF passou a oferecer serviços para o tratamento desses tipos de traumas. “Após a Covid, pacientes podem permanecer com capacidade respiratória limitada, o que causa cansaço, fadiga e limitação funcional. A rede pública conta com cinco Ambulatórios de Saúde Funcional (ASF) que oferecem reabilitação pulmonar nos hospitais regionais de Taguatinga, Asa Norte, Ceilândia, Hospital de Base e Hospital Universitário de Brasília (HUB)”, informou a Secretaria.

Além desses serviços, na UBS 5 de Taguatinga a equipe do Núcleo Ampliado de Saúde da Família (NASF) montou um grupo de auxílio que oferece acompanhamento direcionado a pacientes que tiveram Covid-19. “O atendimento é prestado por fisioterapeutas, farmacêuticos, fonoaudiólogos, assistentes sociais e nutricionistas, além do apoio da equipe médica da UBS. A participação ocorre tanto por demanda espontânea, quanto por encaminhamento pelas equipes da própria UBS”, inteirou a pasta.

Segundo o painel covid-19 disponibilizado pelo GDF, no Distrito Federal, até o final desta terça-feira (27/07), foram registrados 431.129 casos de pessoas recuperadas após contrair o novo Coronavírus e 9.578 mortes também ocasionadas pela doença.

Escrito por: Sarah Paes

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