PANDEMIA

Covid-19: Doria agradece apoio da Saúde, mas ataca Bolsonaro

Sem citar nomes, o governador de São Paulo aproveitou o discurso inicial durante coletiva no Palácio dos Bandeirantes, nesta quarta-feira (23/9), para criticar negacionismo do presidente na gestão à pandemia e queimadas

A coletiva diária para atualizar a situação da covid-19 em São Paulo foi palco de novas críticas do governador João Doria (PSDB) ao presidente Jair Bolsonaro nesta quarta-feira (23/9). Sem mencionar nomes, Doria aproveitou o anúncio do avanço nos estudos da vacina chinesa CoronaVac para criticar a postura do mandatário na condução das crises de saúde e ambiental.

Ao manifestar solidariedade às "quase 140 mil famílias que perderam seus filhos e entes queridos" em meio à pandemia, o governador de São Paulo relembrou afirmações de Bolsonaro para tecer críticas. "O vírus não foi embora, não tirou férias, não nunca foi um resfriadozinho. Como nunca foram, também, os índios os responsáveis pelo desastre ambiental que estamos vivendo na Amazônia brasileira", disse, em menção ao discurso do mandatário do Brasil na 75ª Assembleia das Nações Unidas (ONU).

A fuga de investidores estrangeiros do país, com a maior perda de recursos externos desde que os números começaram a ser contabilizados, em 1982, pelo Banco Central (BC) — aproximadamente US$ 15,2 bilhões de janeiro a agosto — também foi atribuída por Doria à gestão Bolsonaro.

"Parte da queda desses investimentos é devido à falta de cuidado e atenção com as questões ambientais e, infelizmente, com as questões relativas à saúde e à proteção de uma nação contra a covid-19. O negacionismo da pandemia e da situação do meio ambiente não resolve problemas. Ao contrário, agrava consequências. Governar é administrar e ter humildade para reconhecer equívocos, afastar a soberba do seu entorno e aposentar o negacionismo à realidade", discursou.

Mesmo ao defender a vacina chinesa, que, pela análise dos resultados de mais de 50 mil voluntários na China, mostrou ser segura e eficaz, o governador deu destaque à polêmica envolvendo favoritismo de uma candidata em relação a outras. "Aqui, não ficamos discutindo a origem da vacina. O que importa é que, com a vacina sendo aprovada, ela possa ser aplicada e a imunização dada a todos os brasileiros de São Paulo e do Brasil. A nossa corrida é pela vida, pela assistência, pela saúde dos brasileiros", completou.

Liberação de verba

Os ataques ao governo federal foram interrompidos pelo anúncio de que o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, autorizou a liberação de verba federal para auxiliar na compra de doses e da tecnologia da vacina chinesa, que será produzida, no Brasil, pelo Instituto Butantan.

"A primeira parte da liberação solicitada pelo governo de São Paulo foi autorizada pelo ministro no valor de R$ 80 milhões de reais". Doria agradeceu Pazuello e a equipe "pela postura republicana, técnica e correta de enxergar a vacina do Instituto Butantan e da SinoVac como uma das vacinas necessárias ao povo brasileiro, e por ter uma visão que não é vinculada a nenhuma questão partidária, política ou ideológica. Como deve ser", opinou.

Em agosto, o governo de São Paulo havia solicitado à pasta a destinação de R$ 1,9 bilhão para dobrar a previsão de entrega da vacina, passando de 60 para 120 milhões de doses. Há negociações no âmbito do Ministério da Saúde, como informou Doria, para a compra de mais 40 milhões de doses a fim de ampliar a vacinação a outros estados.

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