O senador Carlos Portinho se apresenta como um moderado em busca de consenso nas pautas econômicas. Essa é a impressão que o parlamentar passou em conversa por telefone com a equipe do Correio na tarde desta quarta-feira (4/11). Portinho, que tomou posse na terça (3), falou sobre os seus planos, os projetos de lei que considera prioridade e sobre as expectativas na relação com o governo, com a oposição e com os demais colegas.
Suplente de Arolde de Oliveira (PSD-RJ), que lutava contra complicações provocadas pelo novo coronavírus e morreu em 21 de outubro, Portinho lamentou as condições em que assumiu o cargo de senador. “Muitos senadores chegam no primeiro dia em meio a festas, depois de vencer as eleições. Eu chego com profundo pesar, pois o senador Arolde de Oliveira é parte da história política do país”, lamentou. Na solenidade de posse, Portinho já havia feito uma menção ao antecessor. “O senador Arolde se insere para sempre no rol dos grandes homens públicos deste país. Esteve na vanguarda das comunicações, contribuindo decisivamente para o avanço tecnológico do Brasil. Tornou-se grande referência no setor. Se hoje estamos vivendo o novo mundo virtual, o celular na mão de cada brasileiro, devemos muito a ele, uma pessoa doce, mas convicta das suas posições”, afirmou.
O parlamentar acompanha com atenção pautas como a da redistribuição dos royalties do petróleo em valores proporcionais à população dos estados produtores, o que diminuirá a fatia do pagamento para parte dessas regiões, incluindo o Rio de Janeiro, e o novo marco regulatório do gás. “Há uma discussão que é a transição energética, que não pode ser esquecida, e que é ambiental. Acho que são as principais pautas nesse momento. As mais imediatas para a gente debater, e estão caminhando”, opinou.
Sobre as dificuldades na instauração da Comissão Mista de Orçamento e o curto prazo para votar matérias importantes e difíceis, como a proposta de Emenda à Constituição (PEC) 186/2019, a PEC Emergencial, o senador afirmou que conversou com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e saiu com a impressão de que há convergência entre os parlamentares para as pautas mais importantes. “Ontem (terça-feira), com a concentração dos trabalhos, aprovamos duas pautas importantes que eram questões de décadas de discussão, como autonomia do Banco Central”, acrescentou.
Questionado sobre como se posicionará, falou em “busca de convergências”. “Eu respeito muito as ideias opostas. É natural do processo deocrático que haja ideias opostas ao governo. E pretendo me colocar em um papel de buscar convergências, para que a gente possa avançar nas pautas importante para o país. Temos que sair da polarização e buscar as pautas convergentes e importantes a todos. Estou com essa disposição. Votei no presidente Jair Bolsonaro e estou a disposição do governo para funcionar com um interlocutor pelos interesse que sejam do país”, disse.
Pautas sociais
Carlos Portinho destacou que, como liberal e social democrata, acredita que o governo deve deixar empresários trabalharem, mas investir em pautas sociais. Ele lembra que assumiu a Secretaria de Meio Ambiente do Rio de Janeiro (RJ) na sequência do ex-ministro Carlos Minc (PV), e que, independentemente das discordâncias ideológicas, manteve vários dos projetos da gestão anterior. Também foi responsável por distribuição de unidades habitacionais do Minha Casa Minha Vida, programa que teve início nos governos petistas e que o senador diz defender.
“O papel do governo é não atrapalhar o empresário, e se dedicar às pautas sociais. Com essa convergência o país se desenvolve e o governo cuida de pautas sociais importantes. Temos o novo marco legal do saneamento, que é muito relevante para as cidades, para o meu estado do RJ. Sou a favor de menos Estado, sim, e a favor de que se preocupem com a questão habitacional”, destacou.
Alcolumbre
A reportagem perguntou sobre como o parlamentar vê as ambições de Davi Alcolumbre de se reeleger. Ele afirmou que a questão precisa ser despersonificada, e que se trata de uma questão jurídica. “É preciso, e me dedico a compreender os argumentos de quem sustenta ou se opõe à reeleição. Temos uma lei, um regimento. Sou contrário ao jeitinho, à brecha. A legislação deve dar saídas jurídicas para essa questão que está com um presidente hoje, mas que, amanhã, estará com outro”, ponderou.
“Participei da sessão do Senado ontem, minha primeira, onde foi aprovada a autonomia do Banco Central, e vi no presidente (Alcolumbre) uma boa liderança, inclusive na relação entre partidos de esquerda e direita, buscando convergência. Meu posicionamento é a partir da questão jurídica. Se houver embasamento legal, ele pode se candidatar. E o que vale agora, vai valer na frente”, acrescentou o senador.
A respeito da relação com a oposição, Portinho afirmou que trabalhará de forma democrática, e que espera convencer e ser convencido por parlamentares dos partidos de esquerda. “Não estou preocupado com ‘mimimi’. Quero, na prática, fazer dar certo. E não tenho constrangimento, dificuldade em ouvir e debater opiniões diversas. Eu posso alinhar no que eu concordo e posso divergir e construir algo acima de ideologias de esquerda ou direita. O Brasil não tem tempo a perder. É como diz a música: ‘eu só quero saber do que pode dar certo’”, garantiu.
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