Forças Armadas

Comandante avisa que Exército não é instituição de governo

E acrescenta, numa declaração que visa traçar uma linha divisória entre o governo Bolsonaro e os militares: "Não temos partido. Nosso partido é o Brasil"

Sarah Teófilo
postado em 13/11/2020 14:48 / atualizado em 13/11/2020 14:49
Pujol deixou claro que o compromisso das Forças Armadas é com o Estado, e não com governos, que são episódicos -  (crédito:  Ed Alves/CB/D.A Press
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Pujol deixou claro que o compromisso das Forças Armadas é com o Estado, e não com governos, que são episódicos - (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press )

O comandante do Exército, general Edson Pujol, disse nesta sexta-feira (13/11) que a instituição não tem partido e não é "de governo". A afirmação foi feita durante seminário sobre a Defesa Nacional, com apresentação de ações e estruturas das Forças Armadas.

"Não somos instituição de governo, não temos partido. Nosso partido é o Brasil. Independente de mudanças ou permanências de determinado governo por período longo, as Forças Armadas cuidam do país, da nação, elas são instituições de Estado, permanente. Não mudamos a cada quatro anos a maneira de pensar em como cumprir as nossas missões", disse.

Ainda em sua explanação, Pujol ressaltou a falta de estrutura do Exército, dizendo tratar-se de um dos menores do mundo, quando se observa a extensão territorial do país. "Quando tivermos uma ameaça real e uma agressão à nossa soberania, à nossa fronteira, a sociedade vai dizer que 'as Forças Armadas têm que nos defender'. Mas, para isso, tem que ter Forças Armadas em condições", afirmou.

Na última quinta-feira (12/11), em transmissão ao vivo promovida pelo Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa (IREE), o comandante disse que os militares não querem fazer parte da política.

“Não queremos fazer parte da política governamental ou política do Congresso Nacional, e muito menos queremos que a política entre no nosso quartel, dentro dos nossos quartéis. O fato de, eventualmente, militares serem chamados a assumir cargos no governo, é decisão exclusiva da administração do Executivo”, afirmou.

Na última terça-feira (10/11), o presidente Jair Bolsonaro falou em uso de "pólvora" numa suposta hipótese de um conflito armado contra os Estados Unidos. Foi por conta de um comentário contra o presidente eleito dos EUA, Joe Biden, que num debate da corrida à Casa Branca ameaçou impor sanções ao país caso o governo federal não estancasse as queimadas na Amazônia.

"Quando acaba a saliva, tem que ter pólvora", afirmou. A declaração repercutiu de forma intensa e gerou descontentamento entre militares, que viram como uma fala hostil e desnecessária.

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