COVID-19

Bolsonaro questiona número de mortos por covid-19: "Muitos laudos são forçados"

Presidente disse que o Brasil já não é mais um dos países do mundo com mais óbitos por conta da doença e relacionou isso ao "tratamento precoce", apesar de não haver nenhum remédio cientificamente eficaz contra o novo coronavírus

Augusto Fernandes
postado em 26/01/2021 14:59
 (crédito: Sérgio Lima/AFP)
(crédito: Sérgio Lima/AFP)

O presidente Jair Bolsonaro contestou as estatísticas de mortos no Brasil por conta da pandemia da covid-19. Nesta terça-feira (26/1), durante um evento sobre investimentos na América Latina promovido pelo banco Credit Suisse, o mandatário reclamou que os números de óbitos são superdimensionados. “Até que pesem, muitos laudos (de mortes pelo novo coronavírus) são forçados, dados como se covid fossem. Na verdade, nós sabemos que não é. Mas vamos supor que todos os laudos fossem verdadeiros”, opinou o presidente.

De acordo com o boletim mais recente do Ministério da Saúde, o país já perdeu 217.664 brasileiros por conta da pandemia, sendo que 627 novas mortes foram registradas entre domingo (24) e segunda-feira (25). Quanto ao número de infectados, a pasta já contabilizou ao menos 8.871.393 de pessoas diagnosticadas com covid-19 no Brasil.

Apesar dos números elevados, Bolsonaro destacou que no Brasil “realmente cada vez mais morre menos gente por milhão de habitantes”. Ele condicionou essa mudança ao que definiu como tratamento precoce. Desde o início da pandemia, o governo federal tem defendido a utilização de remédios que não têm eficácia contra a covid-19 comprovada pela ciência, como hidroxicloroquina e ivermectina.

"Há poucos meses, nós éramos o quarto país em mortes por milhão de habitantes, hoje somos o 26º. Alguma coisa aconteceu. Isso no meu entender é a preocupação, o profissionalismo do médico brasileiro, que busca uma solução para esse problema. Porque, afinal de contas, muitas doenças não teríamos achado o remédio se não fosse o tratamento off label, fora da bula, feito lá atrás", comentou.

Além disso, o mandatário defendeu que os profissionais de saúde e as pessoas diagnosticadas com a doença tenham a liberdade de decidir sobre a utilização dos medicamentos, mesmo que os remédios não apresentem nenhuma resposta ao novo coronavírus.

“O médico e o paciente têm que ser respeitados. E quem decide o tratamento precoce de uma pessoa infectada, já que não temos um medicamento ainda comprovado cientificamente, o médico pode na ponta da linha decidir em comum acordo com o paciente o que vai receitar.”

Vacinas

No mesmo evento, Bolsonaro disse que as vacinas contra a covid-19 são importantes e podem “dar mais conforto à população” e “segurança a todos”. A declaração do presidente divergiu do que ele defendeu durante o ano de 2020 quase por completo, quando chegou a duvidar da eficácia dos imunizantes contra o novo coronavírus e se colocar contra a aquisição da CoronaVac, por conta da sua rixa com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que liderou o processo de testes da vacina no país.

Além disso, Bolsonaro disse por diversas vezes que os imunizantes poderiam causar reações adversas, ironizando que quem tomasse a vacina correria o risco de virar um jacaré. Nesta segunda-feira, contudo, ele garantiu que nunca deixaria de comprar nenhuma vacina, desde que elas fossem aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

“Sempre disse que qualquer vacina, uma vez aprovada pela Anvisa, ela seria comprada pelo governo federal. Só no ano passado, assinamos, em dezembro, uma Medida Provisória destinando crédito de R$ 20 bilhões para as vacinações. Elas agora se tornam realidade para nós. Já somos o sexto país que mais vacinou no mundo. Brevemente estaremos nos primeiros lugares para dar mais conforto à população, segurança a todos e de modo que a nossa economia não deixe de funcionar.”

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