ELEIÇÕES NA CÂMARA

Bloco de Baleia Rossi quer recuperar os cargos na Mesa Diretora na Câmara

Partidos que apoiaram o candidato derrotado buscam reverter o primeiro ato do novo presidente da Casa, Arthur Lira, que rompeu acordo para a distribuição dos postos no colegiado

Luiz Calcagno
postado em 02/02/2021 12:11 / atualizado em 02/02/2021 12:12
 (crédito: Luis Macedo/Agência Câmara)
(crédito: Luis Macedo/Agência Câmara)

Os partidos de oposição e integrantes das demais legendas que compõem o bloco do ex-candidato a presidente da Câmara Baleia Rossi (MDB-SP) se reúnem, na manhã desta terça-feira (2/2), na sala do partido, na Câmara, para traçar estratégias para lutar pela Mesa Diretora. O grupo perdeu os cargos no fim da noite desta segunda-feira (1), após o vencedor e novo presidente da Casa, o governista Arthur Lira (PP-AL), dissolver o bloco adversário, na primeira decisão após assumir o posto.

Com a decisão, Lira desfez o último ato do agora ex-presidente, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Maia homologou e oficializou a formação do bloco de Baleia após o horário previsto. Partidos alegaram que ocorreu um problema no sistema, que impediu que conseguissem fazer o registro oficial do bloco até o horário limite, 12h de 1º de fevereiro. A batalha do grupo de Lira para neutralizar Baleia começou quando os partidos buscaram uma solução.

Ocorreu um jogo de narrativas. Apoiadores de Lira afirmavam que não houve problema no sistema, e que Maia foi autoritário ao aceitar a formação do bloco do apadrinhado. Já o líder da Minoria, José Guimarães (PT-CE), apresentou prints para provar que estava em contato com a primeira secretaria, justamente por dificuldades em fazer o registro. Outros partidos, que cumpriram o horário, também afirmaram que o sistema apresentou instabilidade.

Outro argumento apresentado pelo grupo de Baleia é que o bloco tinha representatividade. Com mais de 200 parlamentares, não poderia ser negado à associação partidária a formação do bloco. Ainda assim, com um discurso de mais "nós" e menos "eu" e elogiando adversários, Lira rompeu o acordo feito na reunião de líderes, invalidou a eleição para a Mesa Diretora, retirou os cargos já distribuídos aos partidos e garantiu, para o próprio bloco, os primeiros lugares no colegiado presidencial da Câmara

Participam do encontro o MDB, o PSL, o PT, o PDT, o PCdoB, a Rede, o PSDB e Cidadania. O líder da Maioria, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), que é do mesmo partido de Lira, também participa da runião. Na madrugada de segunda para terça-feira, o bloco divulgou uma nota sobre a quebra do acordo. Embora Lira tenha passado o recado e demonstrado poder no primeiro ato, ele precisará de parte considerável desses partidos para aprovar matérias importantes. "Os partidos que se uniram em torno da defesa de uma Câmara livre e independente repudiam, com a mais intensa veemência, o ato autoritário, antirregimental e ilegal praticado pelo deputado Arthur Lira", afirma a nota do bloco.

"A eleição é una: não se pode aceitar só a parte que interessa. Ao assim agir, afrontando as regras mais básicas de uma eleição — não mudar suas regras após a sua realização —, o referido deputado coloca em sério risco a governabilidade da Casa", avisaram os integrantes do bloco. "A insistir nesse caminho, perderá qualquer condição de presidi-la, já que seu primeiro ato desacredita o que acabara de dizer: que decidiria com imparcialidade", prossegue o texto.

A nota continua afirmando que o ato de Lira "foi a desmoralização mais rápida de um discurso que já se viu". "A única voz que o mesmo aceita que se ouça na Mesa Diretora da Câmara é a voz daqueles que com ele concordam. Os que ousam defender uma Câmara altiva ele quer calar, já em seu primeiro movimento, tentando esmagar a representatividade de nossos partidos e de nosso bloco", diz o texto.

A nota encerra com uma promessa de judicialização do pleito. O grupo afirma que vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal contra Lira.

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