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Abin e GSI negam relatório para defesa de Flávio Bolsonaro e dizem que servidor vazou informações

No ano passado, reportagem da revista Época mostrou que o diretor da Abin, Alexandre Ramagem, teria enviado ao celular da advogado do filho do presidente documentos que poderiam ajudá-lo no caso das rachadinhas

Sarah Teófilo
postado em 07/04/2021 17:03 / atualizado em 07/04/2021 17:10
 (crédito: Reprodução/Youtube)
(crédito: Reprodução/Youtube)

O diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, e o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) negaram a confecção de relatórios para orientar a defesa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, no caso das ‘rachadinhas’ (retenção de parte de salário de servidores) na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). O parlamentar é acusado de chefiar esquema em que ele era deputado estadual.

Informações de que relatórios foram repassados à defesa de Flávio foram divulgadas no fim do ano passado, pela revista Época. Conforme nota do GSI, publicada no Twitter pelo general Augusto Heleno, chefe do gabinete, nesta quarta-feira (7/4), a Abin realizou sindicância que concluiu haver fortes indícios da participação de um servidor, “que falseou a verdade e repassou informações à imprensa”. O referido servidor foi alvo de busca e apreensão pela Polícia Federal na última terça-feira (6), e prestou depoimento. Ele foi afastado das suas funções e foi aberto um Processo Administrativo Disciplinar (PAD).

Em vídeo publicado no YouTube e compartilhado em sua rede social no Twitter, Ramagem também falou sobre o servidor, dizendo que uma sindicância da agência apurou que houve vazamento de informações reservadas e estruturais “para dar suporte básico de veracidade para a construção” do que ele chamou de “mentiras da imprensa”.

O diretor disse que as “mentiras foram originadas de uma única reunião” entre a Abin e o GSI. Ele se refere à informação que foi divulgação de que orientações foram dadas aos defensores do senador em uma reunião com Ramagem e Augusto Heleno. De acordo com Ramagem, no encontro foram tratados apenas assuntos de segurança institucional.

“Desde essa única reunião, não tratamos nem tramitamos sobre o tema, nem mais tivemos relacionamentos ou encontros com as pessoas que levaram esse tema”, afirmou o chefe da Abin no vídeo. Depois disso, as informações sobre as informações que teriam sido repassadas à defesa do senador começaram a ser divulgadas, e houve abertura de sindicância por oficiais de inteligência, auditor da Controladoria-Geral da União (CGU) e integrante da Advocacia-Geral da União (AGU), segundo Ramagem.

O diretor afirmou que os textos encaminhados aos defensores de Flávio por WhatsApp “podem ser construídos por qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo”. A revista Época obteve a confirmação pela defesa do senador sobre a autenticidade das orientações da Abin. Segundo o diretor, os trechos colocados na reportagem eram “mal redigidos, atécnicos e descolados de qualquer construção de textos de relatório de inteligência de qualquer servidor da Abin”.

O GSI também reforçou que auditoria realizada na base de dados da agência “afasta, por completo, qualquer possibilidade de confecção dos relatórios divulgados”.

A revista Época divulgou uma entrevista da advogada Luciana Pires, que defende Flávio, em dezembro do ano passado, na qual ela afirmou que foi Ramagem que enviou ao celular de Flávio dois documentos que foram publicados pela revista.

O relatório

No fim do ano passado, a publicação divulgou que dois relatórios contra servidores da Receita Federal foram elaborados pela Abin e repassados à defesa do senador para ajudá-la no caso. A defesa do senador havia se reunido, segundo a revista, com a Abin, GSI e o próprio presidente Jair Bolsonaro para apresentar documentos que comprovariam a existência de uma organização criminosa na Receita Federal.

A tentativa era anular o caso envolvendo Flávio, que teve início com relatórios do Conselho de Controle de Atividades Econômicas (Coaf) apontarem movimentações suspeitas do ex-assessor de Flávio, Fabrício Queiroz, preso no ano passado.


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