CPI da Covid

Ernesto Araújo não comunicou Bolsonaro sobre carta da Pfizer: "Presumi que sabia"

Na sabatina da CPI da Covid, nesta terça-feira (18/5), o ex-chanceler revelou não ter feito comunicação direta ao presidente da República sobre urgência em fechar acordo com o Brasil expresso em carta da farmacêutica

Bruna Lima
postado em 18/05/2021 16:21 / atualizado em 18/05/2021 16:22
 (crédito: Edilson Rodrigues/Agência Senado)
(crédito: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

O ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo afirmou, nesta terça-feira (18/5), durante sabatina na CPI da Covid, que não comunicou ao presidente da República sobre carta da Pfizer alertando para a urgência de fechamento de contrato de vacinas. A embaixada brasileira em Washington enviou ofício ao ex-chanceler, redobrando a necessidade de atenção ao tema, mas o alerta não foi repassado a Jair Bolsonaro, pois Araújo "presumia que o presidente já sabia", como justificou.

A carta da Pfizer foi enviada em 12 de setembro e o alerta da embaixada brasileira em Washington chegou três dias depois. Uma comunicação sobre esse ofício não chegou diretamente ao chefe do Executivo, porque o telegrama informava que a carta havia sido dirigida diretamente ao presidente, ao chefe da Casa Civil, ao ministro da Economia e ao ministro da Saúde", completou o ex-chanceler.

Responsável por trazer o questionamento à oitiva, o senador Rodrigo Randolfe (Rede/AP) interpretou como omissão o fato do ex-ministro achar "por bem não falar com o presidente sobre a carta da Pfizer ou sobre as negociações da vacina". "Celeridade e urgência. Era isso que a Pfizer pedia ao governo brasileiro", disse.

Covax

Durante o espaço de fala, o senador da oposição também voltou a questionar sobre o fato de o governo federal não ter optado pelo acordo de oferta de vacina a 50% da população, por meio do consórcio Covax Facility, e sobre a demora em fechar o contrato. "Ao seu ver, o Brasil aderiu no prazo certo?", questionou.

O acordo foi firmado em 24 de setembro, aderindo à oferta de vacina a 10% dos brasileiros. "170 países do globo já tinham aderido ao consórcio internacional. O mundo, salvo engano, tem 196 nações independentes. Isso é mais de 80% das nações do globo que já tinham aderido ao consórcio", sustentou Randolfe.

O ex-ministro afirmou que no período entre a oferta e a assinatura "não é que não se fez nada, houve todo um processo, sobretudo em Genebra, de entendimento de qual seria o conteúdo e as cláusulas do contrato de adesão". Ele alegou, ainda, que, mesmo se a maioria dos países já tivesse firmado o contrato, isso não interferiria no início da entrega de vacinas, que ocorreria concomitantemente com outros países.

Sobre o Brasil não ter aderido à proposta que abarcaria uma maior porcentagem da população, Araújo reforçou, como fez em resposta a outros senadores, que a decisão foi do Ministério da Saúde. Ao responder se o Brasil deveria estar recebendo proporcionalmente mais vacinas, caso tivesse optado pela maior oferta, o ex-chanceler disse que "pode ser", mas que o fato é que a Covax "está tendo dificuldade para entrega de vacinas" no mundo inteiro, independente da opção de contrato.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação